quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cesta básica cara, é sinônimo de política pública inadequada.

Inquestionavelmente o RS possui uma das cestas básicas mais caras do país. Embora o levantamento seja feito nas capitais, Porto Alegre possui um valor superior ao de Manaus, capital do Amazonas. E isto que o nosso estado é um dos grandes produtores agrícola.
Talvez a resposta para esta questão esteja no meio de transporte que nós adotamos como prioritário, o rodoviário.
O abandono dos setores ferroviário e marítimo resultou no seu sucateamento. Em troca, ganhamos uma pseuda vantagem, referente à rapidez da entrega do produto entre a fábrica e o ponto de distribuição local. Só que, o custo desta vantagem aparece no preço final que temos de pagar. Este discurso não é contra o transporte rodoviário, mas sim com relação à política adotada e incentivada de utilização intensiva das rodovias para o transporte a longa distância.
Não podemos aceitar que um produto industrializado, com prazo de validade de mais de um ano tenha de ser, necessariamente, transportado de caminhão e não possa ser de trem ou navio.
Não podemos aceitar que os nossos portos interiores, não operem linhas regulares com outros portos brasileiros ou estrangeiros. Embarcando e recebendo produtos. Gerando receitas e agregando riqueza as áreas sob sua influência direta.
O porto de Rio Grande, nosso principal porto não possui conexão com a malha ferroviária. A parte servida por esta conexão é, a explorada pela iniciativa privada. Na parte pública a linha se encontra abandonada.
No porto de Pelotas o canal de acesso esta reduzida a metade de sua largura. Se 80 metros já são questionáveis para o porto de Porto Alegre, 40 metros de largura é algo muito pior. Comprometendo não só a chegada de navios maiores, mas as pretensões de qualquer empresa de enviar seu patrimônio para um porto nestas condições.
Já o porto de Porto Alegre, o maior porto fluvial do Brasil não consegue receber mais de três navios simultaneamente. Por decisão política, resolveu-se desativar o cais Mauá, o de melhor estrutura, para torná-lo opção turística. Seus principais guindastes, em número de três, possuem mais de 40 anos de vida útil. A manutenção apresentava sérios problemas. Fato que exigiu uma grande mobilização para recuperar as condições de um deles. O menor deles já é considerado ultrapassado, pois sua capacidade de içamento é muito baixa.
O porto de Cachoeira do Sul não operou nada nos últimos 5 anos. E creio que nunca tenha operado comercialmente.
No entanto 1 bilhão de reais dos recursos públicos de nosso estado são destinados para o setor rodoviário por ano no RS. Já as verbas para a manutenção de nossa hidrovia e a qualificação de nossos portos é ínfima.
Lutar por uma política pública mais eficiente e eficaz é lutar pelo bem estar de toda a população do RS. É garantir melhores condições de competitividade para nossos setores produtivos. Sejam eles o agropecuário, o industrial ou o comercial. Esta luta tem de ser de todos nós, pois ela nos beneficia como um todo. Esta é a bandeira que devemos levantar. E é sob ela que devemos ficar para garantirmos o futuro melhor que tanto queremos para nós e nossos filhos.
Basta vermos e aceitarmos a partida de navios vazios. Que nada levam além de nossas esperanças de dias melhores. Pensem nisso! E a cada vez que for fazer suas compras veja de onde veio o produto que esta comprando. E imagine o quanto do seu valor é fruto do meio de transporte utilizado.
Foto: Carlos Oliveira

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