PARA PENSAR E REFLETIR – Transporte rodoviário e navegação.

Há uns anos atrás, quando foi construído o parque eólico de Osório, no litoral Norte de nosso estado. Todo o material utilizado na montagem das 75 torres dos aerogeradores chegaram ao nosso estado de navio. Desembarcados no porto de Rio Grande, ele seguiu viagem até Osório por via rodoviária. Naquela época a Praticagem da Lagoa dos Patos entrou com um protesto formal. Já que a obra era financiada com dinheiro público. Fornecida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social – BNDES, Banco do Brasil – BB, Banco do estado do Rio Grande do Sul – BANRISUL, Caixa Econômica do RS, e Banco Regional de Desenvolvimento Econômico – BRDE. E por princípio deveria sempre optar pelo menor custo. Neste caso, a lógica seria do navio deveria descarregar o material em Porto Alegre, para daqui seguir por via rodoviária. Num percurso de menos de 100 Km, ao invés do mais de 430 Km que estava realizando. O protesto não surtiu efeito. E isto acarretou transtornos para todos os usuários de nossas rodovias. Que tiveram de enfrentar um trânsito mais lento. E que encareceu a obra.


Agora a história se repete. Desta vez com o parque eólico que esta sendo construído no município de Santa Vitória do Palmar. Próximo às praias de Hermenegildo e Chui. Só que a loucura é maior. Não só pelo fato de na primeira fase ser 120 torres, e na segunda mais 120 torres. Mas, principalmente porque o material não esta chegando de navio ao porto de Rio Grande. Ele esta vindo diretamente de São Paulo por via rodoviária.

O incidente ocorreu às 12:30 da tarde de quarta-feira (05/FEV) quando uma carreta carregada com duas hélices errou seu caminho e ficou trancada na alça de acesso da BR-116 para a BR-290. Nas imagens divulgadas pela Polícia Rodoviária Federal – PRF é possível de se ter uma noção mais precisa do tamanho da carreta, e das hélices por ela transportadas. A matéria cujo link segue abaixo, também apresenta o assunto. No entanto ela não aborda o principal. O ponto central de toda a questão. Que é como nós utilizamos mal os nossos recursos. E o quanto a navegação deixa de ser utilizada, em nosso benefício em detrimento do transporte rodoviário.

Isto também vai de encontro a falta de cultura para a navegação dos nossos governantes e empresários. Que aceitam pagar um custo maior e ter mais transtornos, do que se valer do meio mais lógico e racional. A navegação brasileira não é em nada valorizada. As empresas sobrevivem com muito sacrifício. Pois não temos a consciência de que ela é um aliado nosso, na redução de custos. Com isto sua existência esta sempre ameaçada.

Por outro lado, pagamos para que navios de bandeira estrangeira transportem as nossas cargas. Seja as que exportamos sejam as que importamos. Pagamos em dólares, moeda forte, e que tão caro nos custa conseguir. Fazendo com que nossa balança comercial seja deficitária. E enviando dinheiro para o exterior. Ficamos dependentes do bom humor dos empresários estrangeiros. Que podem elevar o preço do frete, encarecendo nossos produtos. E retirando nossa competitividade se isto lhes for conveniente.

É para isto que quero chamar a atenção. Pois o fato não é um incidente de transito. Ele é muito maior e mais complexo. Devemos clarear as ideias e começarmos a discutir o assunto. Pois somente assim teremos condições de num futuro não muito distante termos um país melhor.

Pensem nisso!

Fotos: Polícia Rodoviária Federal



Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/transito/noticia/2014/02/caminhao-que-carregava-helice-para-usina-fica-preso-em-rodovia-no-rs.html