terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A navegação que queremos.

O presente artigo serve para convidar o leitor a fazer uma reflexão. Para tanto escolhi, para ilustrar o artigo, uma fotografia provocativa. Gostaria de fazer a seguinte pergunta aos meus leitores. Dentre os quais incluo os servidores públicos que me leem no Palácio Piratini, na Assembleia Legislativa, na secretaria de Infraestrutura - SEINFRA e demais órgãos públicos.

  QUAL É A NAVEGAÇÃO QUE NÓS QUEREMOS PARA O ESTADO DO RS?

Responder esta pergunta é delinear o planejamento estratégico de nosso governo para o futuro econômico do nosso estado. Pois se nós queremos ter uma economia dinâmica e competitiva. Este caminho, necessariamente passará por ofertarmos uma infraestrutura dinâmica e competitiva ao empresariado gaúcho. Estrutura capaz de suprir as necessidades presentes e futuras do mesmo. A um custo baixo, e que pese o mínimo possível nos cofres públicos.

Em termos de infraestrutura. Construir estradas é sem dúvida o maior dos custos. Ferrovias é uma alternativa. Inclusive com um projeto federal sendo executado, visando à ligação Norte-Sul. Fora isto nada mais se fala sobre o assunto.

No campo da navegação temos um ambicioso projeto denominado “Hidrovia do MERCOSUL” sendo planejado há anos. Que até agora é muito mais falado e comentado do que realizado. Este projeto via o aproveitamento da Lagoa Mirim, da Lagoa dos Patos, do Lago Guaíba e do rio Jacuí.

Na lagoa Mirim, nada tem sido feito. Na lagoa dos Patos os canais são sinuosos, estreitos e apresentam assoreamento. A mesma realidade se faz presente para os canais artificiais do lago Guaíba. E o rio Jacuí carece de sinalização e carta náutica em toda sua extensão após a entrada do Canal Santa Clara. Que atende ao Polo Petroquímico de Triunfo.

A dragagem no Lago Guaíba, foi realizada pela última fez no ano de 2011. Coincidentemente o porto de rio grande também estava sendo dragado na mesma época. De lá para cá, o porto de Rio grande necessitou de nova dragarem, tendo em visto o assoreamento registrado em área específica. Ou seja, se em Rio Grande, que é o ponto mais distante de nossa hidrovia, o assoreamento se fez sentir. Certamente os demais espaços do percurso também foram assoreados, ou apresentam acúmulo de sedimentação.

Não estou falando do Canal São Gonçalo, ponto crucial na ligação da Lagoa Mirim com a Lagoa dos Patos. Que faz parte do Projeto Hidrovia do MERCOSUL. E que já em 2011 apresentava assoreamento de metade de sua largura oficial, de 80 metros. Este é um problema a parte. Que em nenhum momento eu vi sendo abordado pela administração pública estadual (leia-se SPH e SEINFRA). Estou me referindo aos canais que ligam Rio Grande a Porto Alegre.

Só para se ter uma ideia. O encalhe do navio mercante “Marcos Dias” esta sendo vinculado a interferência do assoreamento do canal da Feitoria na sua navegação. Provocando o desgoverno do navio que causou sua saída do canal de navegação.

Outro ponto crucial diz respeito a navegação pelo rio Jacuí. O mesmo carece de carta náutica e sinalização. O mínimo para que possa ser incluído nos planos de uma hidrovia. Como será possível navegar comercialmente num local sem sinalização? As boias para este trecho foram compradas no governo Ieda Crusius. Estão depositadas junto ao armazém C3 do porto de Porto Alegre desde que chegaram no final de 2010 início de 2011. Estão ao tempo, pegando Sol e chuva. E nenhum projeto foi executado visando dar uma utilização para elas. Ou seja, o dinheiro público esta lá parado, enquanto a navegação carece de sinalização. Seu destino e seu emprego era o rio Jacuí. E as boias que por ventura foram utilizadas neste rio, o foram para substituir as que lá existiam. Nada de novo foi acrescentado. A Sociedade Gaúcha não pode conviver com um nível de retorno tão baixo por parte do Estado. O Estado não pode aceitar esta situação como sendo algo normal. O Brasil não pode crescer com tamanha falta de planejamento.

É por este motivo que gostaria de convidar a todas as partes interessadas para refletirmos sobre a navegação que nós desejamos. Pois não basta apenas querer para que ela venha a ocorrer. É preciso trabalhar, de forma séria para que isto realmente se materialize. Do contrário teremos nossa capacidade de receber navios sendo reduzida progressivamente. Até chegarmos ao ponto em que apenas pequenas canoas vão transitar pelas nossas águas interiores.

Pensem nisso!

Vanderlan Vasconselos

Foto: Carlos Oliveira

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