terça-feira, 9 de outubro de 2012

A importância de uma política estadual para o setor de construção e reparo naval.


Em alguns dos textos aqui publicados, foi dito que o Estado não possui uma política para o setor de construção e reparo naval. Esta afirmação pode parecer vazia de sentido, pois muitas matérias divulgadas na imprensa estão revelando investimentos cada vez maiores para o setor. Assim como têm-se anunciado a abertura de novos estaleiros em municípios como São José do Norte, Pelotas, São Jerônimo e mais ultimamente em Guaíba. Em comum têm-se batido muito na tecla da indústria naval oceânica, voltada para a construção de módulos para a Petrobras. É sempre investimentos grandiosos, cujo principal cliente é o governo federal, via Petrobras.

Em nenhum momento se ouviu falar dos pequenos estaleiros aqui instalados e que penam para sobreviver. Que carecem de linhas de financiamento adequadas às suas condições. E que por este motivo não podem se quer comprar novas máquinas para poder produzir um produto de melhor qualidade. Em muitos casos estes estaleiros cortam suas chapas de aço manualmente e com maçarico. Resultando num corte irregular, que necessitará de um trabalho maior para dar-lhe a perfeição desejada; contrastando onde hoje a mesma operação é realizada por máquinas modernas e precisas. Que realizam a mesma função com corte a lazer ou a plasma. Esta empresa não vai poder fornecer seu serviço para a Petrobras, pois não se enquadram nas rígidas especificações técnicas que esta exige!  Há um tempo, o Estaleiro SORENAV foi à busca de um financiamento para a aquisição de uma máquina deste tipo. Como retorno à consulta as instituições de financiamento públicas, obtiveram a condição de que necessitavam dar uma garantia maior do que o valor do equipamento em si. Este fato acaba por limitá-la e condená-la a não participar de um momento rico de oportunidades para o setor da construção naval. Sua capacidade técnica, em nada serviu para a avaliação do financiamento. Embora em seu currículo esteja o governo federal como cliente, via Marinha do Brasil; e o governo estadual do Rio Grande do Sul e da São Paulo. Que contrataram inúmeros serviços de manutenção e reparo de seus navios, além da construção de boias náuticas. ( Veja na fotografia o Navio-Balizador "Comandante Varella", da marinha do Brasil e ao fundo a cábre "Acre", de propriedade do Estado do RS durante manutenção.)

Como no exemplo do caso do estaleiro SORENAV existem outros pequenos estaleiros com mão de obra capacitada e experiente para atuar no setor. Que podem não só produzir peças e equipamentos, mas vão gerar inúmeros empregos diretos. Pois como empresas de pequeno e médio porte, caracterizam-se por absorver maior número de mão de obra. É neste momento que a falta de uma política pública, para o setor de reparo e construção naval, se faz evidente. Não podemos pensar que os pequenos estaleiros vão conseguir financiamento junto aos bancos privados. A política de juros destas instituições financeiras é proibitiva para os mesmos. Sua filosofia também não visa o cunho social. Seu negócio é o lucro. Já o Estado não pode ficar cego diante da grandeza dos grandes clientes, abrindo-lhes seus cofres para financiar a quem já possui capital farto. E deixar de atender aos pequenos empresários que aqui nasceram, cresceu e tudo tem a ver com nossa história.

Foto: Carlos Oliveira

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