
OS FATOS
Segundo foi levantado, o navio navegava a cerca de 10,6 nós quando bruscamente mudou de rumo, girando para a sua direita em direção a terra. Em questão de três minutos o “Pebble Beach” já se encontrava parado. O rumo originalmente traçado pelo navio era de 4 graus, e no momento do giro ele apontou para o rumo de 40 graus.
AS DUAS HIPÓTESES DO ENCALHE
Em virtude deste fato já se pode pensar que a causa do fato foi uma pane no navio. Que pode ter sido causada pelo apagar do motor do mesmo. Fato que poderia travar o leme. Ou, numa segunda hipótese, o navio pode ter tocado com o casco em um banco de areia. Provocando a frenagem do navio, que empurrado pela força do motor que continuava a trabalhar o fez girar sobre o ponto de contato com o banco de areia.
HIPÓTESE DESCARTADA
Neste conjunto de fatos podemos descartar, antecipadamente, a hipótese de falha por parte do serviço de praticagem. Já que o local, mesmo quando mal sinalizado, possui no paredão natural dos morros de pedra, uma linha de orientação para a navegação. Além do mais, este é um dos pontos mais marcantes da navegação pelas águas do Guaíba. Não só pela beleza, como pelo perigo que a região apresenta. E todos os práticos da Lagoa dos Patos são muito experientes.
MARINHA INVESTIGARÁ
A certeza com relação a mais este encalhe é que o mesmo já gerou a abertura de um inquérito para investigar as suas causas. E a Marinha do Brasil, por meio da Capitania Fluvial de Porto Alegre – CFPA, irá colher os depoimentos e as informações para identificar as suas reais causas. Que posteriormente serão enviadas para o Tribunal Marítimo, com sede no Rio de Janeiro.
A LIÇÃO QUE FICA
Sobre o fato deste novo encalhe de um navio mercante em nossas águas ficam vários motivos para reflexão. O principal deles diz respeito a segurança e as características de nossos canais. Que são muito estreitos para os navios que aqui tem navegado. Navios com comprimento na casa dos 200 metros, e largura de até 32 metros. Que ficam literalmente apertados em canais cuja largura oficial é de 80 metros. E que possuem curvas demasiadamente fechadas em alguns pontos. Expondo ao risco os navios que por ali trafegam.
Há anos temos escutado o pedido de que a navegação noturna seja liberada nas águas dos canais artificiais. E há anos o Estado tem dito que para que isto ocorre é necessário apenas melhorar o balizamento dos ditos canais artificiais. Pois isto é apenas meia verdade. Os canais também tem de serem melhorados. Com o seu alargamento e a correção de seu traçado. Pois do contrário não haverá a sua liberação para a navegação noturna. No governo passado, a Marinha do Brasil solicitou cópia do projeto de todos os canais. Pelo que eu sei nada foi fornecido. Mostrando a irresponsabilidade e a incapacidade dos antigos gestores de administrar e de compreender a importância econômica da nossa hidrovia. E o que me assusta é que, mesmo após a troca do governo. Muitos cargos importantes estão sendo ocupados pelas mesmas pessoas do governo anterior. Que já mostraram as suas limitações. E que por isto, dificilmente vão agregar algo de novo no esforço de melhorar este modal tão importante para o desenvolvimento de nosso estado.
Finalizo anexando a imagem do local do encalhe ocorrido com o navio “Pebble Beach”. Que é uma arte produzida sobre imagem fornecida pelo site da empresa Marine Traffic.
Muito Obrigado!
Vanderlan Vasconselos
Arte: Carlos Oliveira
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