sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma questão para refletir: “AS Elenia” parte deixando o porto vazio novamente.


Com o final das operações de descarga do navio mercante “AS Elenia” e a limpeza de seus porões, o mesmo partiu no início da tarde desta quinta-feira (29). Com isto o Porto Organizado de Porto Alegre ficou novamente vazio, para tristeza de muitos trabalhadores portuários avulsos (TPA). Os mais velhos se lembram, do tempo em que o porto possuía uma variedade muito maior de operações de carga e descarga. Tempos bons em que se ganhava dinheiro, e não faltava trabalho. Tempos muito diferentes dos dias de hoje, em que no final do ano o movimento cai assustadoramente. Bem na época em que se comemora o Natal e o Ano Novo. E para sobreviver o trabalhador têm de fazer biscate fora para manter sua dignidade.

Na face dos mesmos, os efeitos do forte calor da tarde de quinta-feira eram mínimos se comparados as dúvidas com relação ao futuro da profissão.  Isto pelo fato de não se ver uma mudança positiva, com relação a atual realidade dos fatos. Um porto em que apenas dois guindastes funcionam. Com suas respectivas limitações, já que são antigos. Onde o calado é o mesmo do projetado há 91 anos atrás. E que não acompanhou as mudanças sofridas nos navios durante todas estas nove décadas. Um porto que deixou de ter poder de embarcar a nossa rica produção agrícola e industrial. E cujas operações deste tipo durante um ano cabem na palma da mão. É um porto condenado ao fracasso. O enfraquecimento do porto representou o enfraquecimento da classe de trabalhadores portuários. Criando um círculo vicioso no qual o resultado é sempre pior do que o inicial. Já que sem poder, os trabalhadores não podem exigir novos investimentos. Seja por meio de assembleias de trabalhadores, ou pela pressão política propriamente dita. Assim ficam a mercê de uma realidade nova e ameaçadora. Que aos poucos vai fazendo com que o porto encolha e perca seu significado, de sua vida, e sua alma.

Tenho a perfeita convicção de que isto esta errado. Que estamos olhando para um falso “Norte”. E que se não corrigirmos esta situação vamos sofrer as consequências deste nosso erro. Seja pelo aumento do nosso custo de vida, que já é um dos mais caros do Brasil. Seja pela perda progressiva de, nossa já tão debilitada, competitividade. Sei que estas palavras encontram eco em quem conhece o assunto. Seja ele um grande empresário, ou um trabalhador portuário avulso. E que para muitos meu discurso é fruto de uma crítica sem fundamento. É por isto que vou prepara alguns textos. Apresentando de uma forma mais profunda, os pontos que justificam minha forma de pensar. Aguardem!

Fotos: Carlos Oliveira

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