segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Há futuro no transporte hidroviário?


Há poucos dias, o transporte de grandes peças destinadas à ampliação da Refinaria Alberto Pasqualini – REFAP foi motivo de discursos eufórico de nossas autoridades. Todos afirmavam, com convicção, que a hidrovia estava mostrando o seu valor e que a sua utilização seria progressivamente adotada. No dia 26 de outubro, o jornal Correio do Povo publicou na página 14, uma notícia fazendo referência ao transporte de uma peça “gigante” destinada a REFAP, cuja altura exigiu cuidados especiais com a rede elétrica no município de Canoas (Veja matéria vinculada).

A matéria não fazia referência à origem da peça. Ao consultarmos a Polícia Rodoviária Federal – PRF, a mesma informou não saber informar a origem. Já que sua ação se limita em verificar se a documentação de trânsito do caminhão esta correta ou não. E que nenhuma retenção de documento ou anotação neste sentido é realizada pela PRF.

Com isto fato surgiu uma certeza e uma dúvida. A certeza dizia respeito ao fato desta peça não ter chegado pela hidrovia a região metropolitana. A dúvida era com relação a sua origem. Já que a ampliação da Refinaria Alberto Pasqualini estar sendo feita com peças produzidas na Itália. Foi assim no ano de 2011, quando aqui aportaram dois navios da empresa BBC com peças, partes e equipamentos oriundos da Itália. Fato que se repetiu neste ano, com as peças trazidas pela empresa Tranship no mês de julho. E que tiveram como ponto de desembarque um depósito de areia no município de Esteio. E mais recentemente, com outras peças vindas de Rio Grande e que foram desembarcadas no município de Triunfo.  Não possuímos referência de peças ou partes sendo produzida no Brasil, somente a certeza de que o projeto é italiano. Em contrapartida, diversos foram os navios que desembarcaram peças no Porto Novo de Rio Grande só neste ano, tendo como cliente final a Petrobras.

Mais recentemente, no dia 1° de novembro foi fotografada a chegada de dois caminhões com peças destinadas à REFAP. Os mesmos tinham acabado de passar pela ponte do Guaíba, reforçando ainda mais a suspeita que existia. Ao mesmo tempo se confirma que a hidrovia só existe como alternativa para o transporte de peças, quando suas dimensões dificultam em muito o seu transporte pela rodovia. Temos de ser realistas. Não podemos nos iludir com a exceção. E pensarmos que tudo será diferente, sem que haja muito trabalho e persistência de nossa parte. A mentalidade de nosso empresariado é rodoviarista. A mentalidade de nossa população é rodoviarista. A mentalidade de nosso meio político é rodoviarista. E uma solução para que isto mude, só será possível através de muito trabalho da parte de quem defende o uso racional dos nossos meios de transporte. É por este motivo que faço aqui este questionamento: Há futuro no transporte hidroviário?

Fotos: Carlos Oliveira

Um comentário:

  1. E pior, as composições rodoviárias estão em desacordo com a legislação vigente a qual proíbe cavalo mecânico de um dois eixos tracionar carreta de três eixos. A polícia rodoviária não os multou não?

    ResponderExcluir