sábado, 17 de novembro de 2012

AQUI NÃO É DIFERENTE.


FALAMOS E ESCREVEMOS PARA CEGOS E SURDOS?

Luto, reluto, participo, mostro e divulgo as contradições de nosso sistema e o tempo passa.

Será que precisamos chegar ao fundo do poço. Sem o básico para o coletivo. O dinheiro publico é de todos nós. Mas direcionados a manutenção de poucos em pseuda democracia, bolsa família, vale gás, uniformes...., sistema, que não provém o básico para a maioria dos contribuintes. Saúde, educação  segurança, .... com exemplos governamentais de descasos diários municipais, estaduais, e nacionais, sem atendimento das prioridades. Nos calamos diante da mídia livre, nos mantemos ocupados com noticias reais, violentas, impunidade, consumo substituindo a felicidade e o circo de sexo, formando nosso futuro com famílias coletivas de adolescentes sem objetivos e sonhos.

Os poucos que vão tomando consciência da realidade, silenciam em favor de um beneficio pessoal e particular em troca da manutenção do sistema. Outros não querem mudar o coletivo, pois está bom para mim nem precisei do sistema ou ainda consigo pagar.
Para mudar nossa impotência,  precisamos perseverar, acreditar, mas respiro, logo reflito que a missão não acabou e sonho em envolver mais pessoas a acreditarem que orçamento público é o resultado do sacrifício de todos nós, somando uma carga tributária de 40%, muito mal distribuída  e que os poucos que se tocam, são os que precisam, logo, ficam sem objetivos.....

Tão simples, penso eu, igual salario de pai e mãe  e o que dá para fazer em prol daqueles que somos responsáveis pela criação. Claro que quando conseguem dividir esta realidade de quanto ganha a família, recebem paciência e tolerância por dias melhores e para atender as prioridades. Poderia ser assim na nossa sociedade, mas somos silenciados por aqueles que ganham bem, com direitos adquiridos, em corporações e poderes que se sustentam e apegam-se na lei para manter seus próprios interesses.
Lembro, que ninguém quer ser sócio de uma sociedade que não dê retorno. Então o que estamos esperando. Vamos dividir a velha nova e ocupar as redes sociais, sonhar que mais gente vai ler, de alguma maneira acrescentar, sem interesse, uma saída para o coletivo e mudar a nossa realidade?

Todos queremos manter as conquistas materiais, mas o medo, traduzido por vivermos fechados, enjaulados, precisa uma alternativa, onde, um sistema de mídia direcionado a novela, desmanche familiar, sexo a vontade e sem qualquer objetivo torna impotente qualquer chefe de família no pouco tempo que lhe resta de educação e responsabilidade doméstica, a nos mantemos em uma roda viva. Até quando?

Um abraço e uma pensativa manha de sábado.

Vanderlan Vasconselos



CUBA, O INFERNO NO PARAÍSO
Juremir Machado da Silva (jornalista gaúcho, da ala da esquerda, que  acompanhou o governador Tarso Genro - linha trotskista - em "visita" a Cuba, não se sabe para quê)
     Na crônica da semana passada, tentei, pela milésima vez, aderir ao comunismo. Usei todos os chavões que conhecia para justificar o projeto cubano. Não deu certo. Depois de 11 dias na ilha de Fidel Castro, entreguei de novo os pontos.
     O problema do socialismo é sempre o real. Está certo que as utopias são virtuais, o não-lugar, mas tanto problema com a realidade inviabiliza qualquer adesão. Volto chocado: Cuba é uma favela no paraíso caribenho.
     Não fiquei trancado no mundo cinco estrelas do hotel Habana Libre. Fui para a rua. Vi, ouvi e me estarreci. Em 42 anos, Fidel construiu o inferno ao alcance de todos. Em Cuba, até os médicos são miseráveis. Ninguém pode queixar-se de discriminação. É ainda pior. Os cubanos gostam de uma fórmula cristalina: ‘Cuba tem 11 milhões de habitantes e 5 milhões de policiais’. Um policial pode ganhar até quatro vezes mais do que um médico, cujo salário anda em torno de 15 dólares mensais. José, professor de História, e Marcela, sua companheira, moram num cortiço, no Centro de Havana, com mais dez pessoas (em outros chega a 30). Não há mais água encanada. Calorosos e necessitados de tudo, querem ser ouvidos. José tem o dom da síntese: ‘Cuba é uma prisão, um cárcere especial. Aqui já se nasce prisioneiro. E a pena é perpétua. Não podemos viajar e somos vigiados em permanência. Tenho uma vida tripla: nas aulas, minto para os alunos. Faço a apologia da revolução. Fora, sei que vivo um pesadelo. Alívio é arranjar dólares com turistas’. José e Marcela, Ariel e Julia, Paco e Adelaida, entre tantos com quem falamos, pedem tudo: sabão, roupas, livros, dinheiro, papel higiênico, absorventes. Como não podem entrar sozinhos nos hotéis de luxo que dominam Havana, quando convidados por turistas, não perdem tempo: enchem os bolsos de envelopes de açúcar. O sistema de livreta, pelo qual os cubanos recebem do governo uma espécie de cesta básica, garante comida para uma semana. Depois, cada um que se vire. Carne é um produto impensável.
     José e Marcela, ainda assim, quiseram mostrar a casa e servir um almoço de domingo: arroz, feijão e alguns pedaços de fígado de boi. Uma festa. Culpa do embargo norte-americano? Resultado da queda do Leste Europeu? José não vacila: ‘Para quem tem dólares não há embargo. A crise do Leste trouxe um agravamento da situação econômica. Mas, se Cuba é uma ditadura, isso nada tem a ver com o bloqueio’. Cuba tem quatro classes sociais: os altos funcionários do Estado, confortavelmente instalados em Miramar; os militares e os policiais; os empregados de hotel (que recebem gorjetas em dólar); e o povo. ‘Para ter um emprego num hotel é preciso ser filho de papai, ser protegido de um grande, ter influência’, explica Ricardo, engenheiro que virou mecânico e gostaria de ser mensageiro nos hotéis luxuosos de redes internacionais.
     Certa noite, numa roda de novos amigos, brinco que, quando visito um país problemático, o regime cai logo depois da minha saída. Respondem em uníssono: Vamos te expulsar daqui agora mesmo’. Pergunto por que não se rebelam, não protestam, não matam Fidel? Explicam que foram educados para o medo, vivem num Estado totalitário, não têm um líder de oposição e não saberiam atacar com pedras, à moda palestina. Prometem, no embalo das piadas, substituir todas as fotos de Che Guevara espalhadas pela ilha por uma minha se eu assassinar Fidel para eles.
     Quero explicações, definições, mais luz. Resumem: ‘Cuba é uma ditadura’. Peço demonstrações: ‘Aqui não existem eleições. A democracia participativa, direta, popular, é uma fachada para a manipulação. Não temos campanhas eleitorais, só temos um partido, um jornal, dois canais de televisão, de propaganda e, se fizéssemos um discurso em praça pública para criticar o governo, seríamos presos na hora’.
     Ricardo Alarcón aparece na televisão para dizer que o sistema eleitoral de Cuba é o mais democrático do mundo. Os telespectadores riem: ‘É o braço direito da ditadura. O partido indica o candidato a delegado de um distrito; cabe aos moradores do lugar confirmá-lo; a partir daí, o povo não interfere em mais nada. Os delegados confirmam os deputados; estes, o Conselho de Estado; que consagra Fidel’.Mas e a educação e a saúde para todos? Ariel explica: ‘Temos alfabetização e profissionalização para todos, não educação. Somos formados para ler a versão oficial, não para a liberdade.
     A educação só existe para a consciência crítica, à qual não temos direito. O sistema de saúde é bom e garante que vivamos mais tempo para a submissão’. José mostra-me as prostitutas, dá os preços e diz que ninguém as condena: ’Estão ajudando as famílias a sobreviver’. Por uma de 15 anos, estudante e bonita, 80 dólares. Quatro velhas negras olham uma televisão em preto e branco, cuja imagem não se fixa. Tentam ver ‘Força de um Desejo’. Uma delas justifica: ‘Só temos a macumba (santería) e as novelas como alento. Fidel já nos tirou tudo.Tomara que nos deixe as novelas brasileiras’. Antes da partida, José exige que eu me comprometa a ter coragem de, ao chegar ao Brasil, contar a verdade que me ensinaram: em Cuba só há ‘rumvoltados’.

CUBA, O INFERNO NO PARAÍSO (ou O PARAÍSO TRANSFORMADO NO INFERNO?)

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