terça-feira, 26 de junho de 2012

Polo Naval – Uma realidade muito mais ampla do que apenas grandes estaleiros.


O tema Polo Naval tornou-se moda nos últimos anos. Sua implantação na cidade de Rio Grande, cujo processo ainda esta em andamento, bastou para causar uma revolução na mesma.


Na falta de planejamento, a cidade viu-se diante de uma série enorme de desafios. Cujo esforço vai exigir além de recursos financeiros, planejamento, dedicação e mão de obra qualificada. Tanto para o setor de construção dos navios em si, quanto para o da administração pública, da saúde, da educação, e assim por diante.

Mas não é possível de se pensar em Polo Naval sem se abordar a questão da navegação. E esta tem sido muito maltratada nas últimas décadas, não só no Brasil, como no nosso Estado. A diminuição da frota de navios, cada vez mais velhos; do número de empresas; e do número de tripulantes. Também se refletiu na redução do número de pequenos e médios estaleiros aptos a prestarem os serviços de construção, reparo e manutenção. Neste círculo vicioso, Onde a utilização cada vez menor da hidrovia acarreta um empobrecimento do setor, nosso Estado perdeu muito mais do que empregos. Foi-se o conhecimento de como se faz as coisas. E numa situação de dificuldade cada vez maior, não é comum a nossa perda de condições de executar serviços simples, com a qualidade e a rapidez que um cliente solicita e merece. Quando isto ocorre é inevitável que haja comparações entre nossa realidade e a de outros estados da federação. Cujo empenho dos governantes auxiliou na manutenção e modernização do setor de construção naval.

Neste ponto, no RS, apenas algumas empresas sobreviveram e sobrevivem a duras penas. E é graças a elas que a nossa navegação interior continua a executar sua missão de garantir o nosso desenvolvimento socioeconômico, transportando produtos e mercadorias pelas águas de nossos rios, lagoas e lagos.

Um exemplo vivo desta realidade é o estaleiro localizado na ilha da Pintada, em Porto Alegre. Aquele espaço estratégico, já foi ocupado por uma série de empresas. Sua vocação sempre foi a de dar suporte à manutenção das embarcações. Hoje o mesmo é administrado pela empresa Navegação Green Card Ltda, com sede na capital do Estado. Graças a sua existência, é que ele pode atender a uma emergência ocorrida com o rebocador “TS Atirado”, da empresa carioca Tranship. Pois o rebocador, em seu percurso até Porto Alegre, colidiu contra um objeto submerso, danificando seu sistema de propulsão. Fato que tornou obrigatório seu reparo de forma emergencial, para que ele possa seguir sua viagem de volta.

No qual ira rebocar uma balsa carregada com quatro transformadores. Para este tipo de reparo exige-se que a embarcação seja retirada da água. Operação rotineira, mas não por isto menos complexa e delicada. O que devemos ver e aprender com este fato é de que quando se fala em Polo Naval, não devemos apenas pensar em grandes projetos. Devemos alargar nosso horizonte e ver a questão sob o prisma das pequenas e médias empresas que vão prestar serviço à navegação de apoio e interior também. No setor da construção naval, uma embarcação de pequeno ou médio porto dificilmente será atendida por um estaleiro de grande porte. Isto porque este estaleiro não foi feito para isto. Sua concepção é totalmente diferente. E se nós queremos realmente ter uma navegação forte e um Polo Naval consolidado, isto vai exigir que nós também pensemos nos pequenos e médios estaleiros. Pois seu trabalho é fundamental para que isto ocorra.

Dar condições para que os mesmos consigam financiamento, visando sua melhoria técnica é um passo importante. Mas não é o único. Não podemos nos esquecer de que são as pequenas e médias empresas as que mais geram trabalho. Fortalecê-las é ter a certeza de que nossos jovens terão uma vaga de trabalho no futuro. E que nossa economia terá o dinamismo que desejamos que tenha.

Fotos: Carlos Oliveira

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