quinta-feira, 28 de agosto de 2014

BARCO CISNE enfrenta os mandos e desmandos da empresa Porto Cais Mauá.

Desde que o processo de revitalização do cais Mauá iniciou. E que o grupo de investidores espanhóis pôde assumir o espaço ganho no processo licitatório. A empresa que administra o barco “Cisne Branco” passou a ter sérias dificuldades para trabalhar.

MUDANÇA DE LOCAL



Inicialmente, a título de viabilizar o trabalho de restauração, o local de atracação da embarcação foi alterado. Deixou de ser junto ao Portão Central para ser no espaço entre os armazéns B2 e B3.

FORNECIMENTO DE LUZ

O fornecimento de luz, que antes existia foi cortado. Isto obrigou a empresa a providenciar um gerador funcionando dia e noite. Pois como a embarcação possui sistema de bar e copa, seus freezeres e refrigeradores precisam de energia dia e noite. Como resultante se teve um aumento das despesas. Tendo em vista que o combustível que alimenta o gerador é muito mais caro do que a luz da Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE.

FORNECIMENTO DE ÁGUA

Outro serviço que foi suspenso foi o de fornecimento de água potável. Que agora tem de ser comprada de caminhão pipa. Que é muito mais cara e exige o deslocamento do navio do cais Mauá para o cais Navegantes. Aonde ainda existe um espaço de cais livre para as embarcações realizarem este tipo de operação.

ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL

O abastecimento da embarcação com combustível. Que antes era realizado no próprio local de atracação foi proibido. Agora não é mais permitida a entrada do caminhão tanque no espaço PRIVATIZADO do cais Mauá. Com isto a embarcação tem de se deslocar até o cais Navegantes. Para lá, somente lá, poder ser abastecida de óleo Diesel. Gastando tempo e consumindo combustível para realizar uma operação que antes era muito mais fácil e rápida.

O FIM DO ESCRITÓRIO

Enquanto esteve localizado junto ao Portão Central. A empresa locava um espaço mínimo do interior do armazém B. Pagava para utilizar este espaço, assim como pagava pela luz que consumia e pela água fornecida. Coma troca do espaço. A primeira foi a perda do espaço para escritório. No máximo lhes foi permitido colocar uma mesa e algumas cadeiras no pátio, a céu aberto. E lá ficava o funcionário encarregado de vender as entradas para o barco “Cisne Branco”. Sofrendo com o Sol forte, com a chuva, com o vento frio do inverno e o calor insuportável do verão. Com muito custo foi autorizado a instalação de um trailer no pátio. E com isto se pode o mínimo de estrutura para um escritório improvisado. Que inclui a instalação de um computador e  uma impressora.

O FIM DO ESTACIONAMENTO

Concomitantemente a tudo isto se decretou o fim da possibilidade de estacionamento no espaço PRIVATIZADO do Cais Mauá. Quem quisesse passear, tinha de deixar o seu carro na rua ou em um estacionamento pago. Cujo valor pode ser inclusive mais caro do que o da entrada na embarcação.

O passeio noturno foi totalmente comprometido. Pois a facilidade que se tinha de poder passear e ao chegar ter o seu carro próximo deixou de existir. Já nos passeios diurnos a vinda do público também foi comprometida. Principalmente no início da decisão. Pois impedia inclusive a entrada de ônibus de excursão para realiza o e desembarque e posteriormente o embarque dos passageiros próximos ao barco.

ORDEM DE DESPEJO

Com todas as dificuldades criadas, era inevitável que um dia chegaria a ordem de despejo. E ela não tardou a acontecer. De forma autoritária. De cima para baixo. De uma empresa que nunca quis conversar. E sempre fechou as portas para a negociação. Pois eles eram os novos donos da área pública que acabara de ser PRIVATIZADA.  Foi dado um prazo para a saída do local.

Ocorre que o barco de passeio “Cisne Branco” é um marco na história do turismo na cidade de Porto Alegre. E como tal ele possui especial, que reconhece sua importância para o turismo e a boa divulgação da beleza da capital do Estado dos gaúchos. E nesta hora os amigos se fizeram presentes e auxiliaram na defesa dos interesses do bom serviço de turismo que ele sempre fez.

A NULIDADE DA SPH.

A superintendência de Portos e Hidrovias – SPH, autarquia para quem o Governo federal concedeu o direito de explorar comercialmente o Porto Organizado de Porto Alegre. Quando consultada sobre o assunto se limitou a dizer que não poderia fazer nada. E o que é pior. Sugeriu como alternativa de local de atracação o espaço da Usina do Gasômetro. Um local que já esta tomado por outras embarcações. E com sérias limitações.

A INCOMPETÊNCIA DO SETOR DE HIDROVIAS DA SPH

A SPH, como o seu próprio nome define possui um setor que trata da administração de portos e outro que cuida da hidrovia. Pois mesmo tende um setor dedicado para este assunto. Partiu desta autarquia a sugestão de levar o barco para o espaço da Usina do Gasômetro. Ocorre que naquele local, há sérias limitações para uma embarcação do tamanho e do porto do barco “Cisne Branco”.  E existência de pedra, nem a baixa profundidade (calado) permitem ao “Cisne Branco” operar ali com segurança. E em se tratando de um barco de passeio. Segurança é tudo. Ou seja, ao invés de ajudar. Os engenheiros e os técnicos especializados da autarquia sugeriram algo inviável de ser executado. E que poria em risco a vida dos passageiros, a segurança da embarcação e o meio ambiente. Pois em todo acidente com embarcação sempre há o risco de vazamento de combustível.

A VOZ SENSATA

Coube a Delegacia da Capitania dos Portos em Porto Alegre o papel de barrar a ida do barco “Cisne Branco” para o local sugerido pela SPH. A voz sensata e competente da Marinha do Brasil, que é a nossa autoridade marítima pôs um fim no devaneio de quem deveria ter mostrado competência e não o fez, a SPH.

A DIMENSÃO DO CASO

A dimensão do caso enfrentado pelo barco “Cisne Branco” se espalhou. E as dificuldades chegaram ao Palácio do Planalto. Que de Brasília teve de sugerir, ou melhor orientar, ao Governo do Estado que escutasse o que os empresários proprietários do barco estavam pedindo. Que era não um tratamento privilegiado, mas sim, simplesmente justo para com a empresa. Que é pioneira no turismo fluvial. E que esta sofrendo as consequências de um processo de licitação que o Estado do Rio Grande do Sul realizou. Cheio de problemas e irregularidades. E que agora tem de ser solucionadas com muita boa vontade e inteligência. E com o assunto diz respeito ao porto. Que é queiram ou não, bem ou mal, administrado pela Superintendência de Portos e Hidrovias – SPH. Que esta autarquia deveria deixar de ser tão omissa e passasse a ter uma postura mais colaborativa no estudo e na análise do caso.

TURISMO É PARA QUEM SABE FAZER

Na verdade fazer turismo exige muito mais do que boa vontade. É precisa saber fazer. É preciso se dedicar. É preciso estudar e aprimorar o que se faz. Diante de todas as dificuldades enfrentadas por quem comprovadamente sempre fez turismo fluvial em Porto Alegre. É de se questionar se quem ganhou o processo de licitação para exploração turística do cais Mauá, sabe fazer turismo. Do jeito como o assunto foi tratado até agora várias dúvidas surgiram. E elas sinalizam para a inexperiência do grupo vencedor do processo. Se isto se confirmar. Será uma pena para todos nós. No entanto, temos de aproveitar o momento para retirar dele o que há de bom. A aprendizagem de como agir e proceder. E o que não podemos fazer, sob pena de cometermos erros grosseiros.

É por este motivo que eu fiz questão de abordar aqui o caso do barco de turismo “Cisne Branco”. Pois de sua historia vários ensinamentos podemos tirar. E o bom conhecimento não é de mais.

Muito Obrigado!

Vanderlan Vasconselos

Fotos: Carlos Oliveira

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