terça-feira, 19 de janeiro de 2016

ABANDONADOS E DESPREPARADOS.

O longo abandono da área portuária, fato que já dura algumas décadas, manifestou-se mais uma vez nesta final de semana. O incêndio que atingiu uma lancha particular, nas proximidades da Usina do Gasômetro por pouco não se transformou em tragédia. Os cinco passageiros da lancha, dentre os quais uma idosa e duas crianças, sendo uma de colo. Conseguiram abandonar a embarcação que foi completamente consumida pelo fogo.


A Marinha do Brasil via Capitania Fluvial de Porto Alegre – CFPA, ao tomar conhecimento do fato solicitou o apoio do Corpo de Bombeiros. Que possui um Grupamento de busca e Salvamento dentro do próprio Porto de Porto Alegre. No entanto esta unidade não possui nenhuma embarcação capacitada a fazer o combate de um incêndio em embarcações. Sua última embarcação, a lancha “General Petrazzi” esta desativada há anos. Sem motor e em precário estado de conservação. Produzindo apenas sonhos de ser recuperá-la para ser empregada em atividades ambientais ou como peça de museu. (Veja matéria no link abaixo relacionado)

Por este motivo foi providenciado o apoio dos rebocadores que prestam serviço no porto. Que não são necessariamente de propriedade do porto ou de quem o administra, neste caso a Superintendência de Portos e Hidrovias – SPH, conforme foi divulgado pelo jornal Correio do Povo. Os rebocadores que prestaram auxílio foram o “Sagitárius” embarcação recentemente adquirida pela Navegação Aliança. E o “Almirante Saldanha da Gama” da Navegação Amandio Rocha, que é a empresa mais ativa neste seguimento no porto da Capital.

No caso do “Sagitárius” o combate ao incêndio se deu por meio de mangueiras. Cuja pressão não se iguala ao de um esguicho de canhão d’água, como é o caso do rebocador “Almirante Saldanha da Gama”. Feito especialmente para este fim e instalado em parte alta da embarcação.

A remoção da lancha que estava prendendo fogo do meio do Guaíba para as proximidades da margem da ilha da Pólvora, foi uma medida de precaução. Que resultou na tentativa de evitar que o seu possível naufrágio cria-se um obstáculo submerso. O que poderia dificultar ou restringir a navegação no local.  No entanto isto acarretou no deslocamento da lancha para uma área mais rasa. Local inacessível para os rebocadores, que poderiam encalhar ao se aproximarem da lancha.

Como vemos os equipamentos para o combate ao incêndio são deficitários. E é diante disso que vamos ampliar a reflexão. Pois se o incêndio da lancha chamou a atenção de todos. Pelo volume de fumaça negra que ela produziu; e pela falta de poder de ação dos órgãos públicos. Este fato pode se repetir e ser muito maior. Pois o material do qual a lancha era feita, é a fibra. Que ao se incendiar produz a fumaça negra, que é perigosa para a saúde humana. Este material é o mesmo empregado na construção dos catamarãs empregados na travessia de passageiros entre Porto Alegre e Guaíba. Parcos que transportam mais de uma centena de pessoas. Inclusive com dificuldades de locomoção. E que caso sejam vítimas de um sinistro exigiriam uma ação não só rápida, mas extremamente eficiente. Para não gerar nenhuma vítima.

Aqui não se esta pensando num possível incêndio em um navio mercante. Cujos produtos podem ser altamente tóxicos seja quando pegam fogo, ou quando são atingidos pela água que combate o incêndio. Nós estamos falando de algo muito mais simples. Tanto os bombeiros quanto o porto carecem de estrutura material para atender uma demanda deste tipo. No entanto em termos de treinamento e preparo do pessoal, os bombeiros estão em melhor nível de treinamento.

O sucesso no socorro também exige preparo e integração daqueles que fazem parte da estrutura estatal para atender este tipo de demanda. E aqui fica uma constatação. Pois quando o 190 foi acionado, a informação prestada é que se tinha de ligar para os bombeiros no 193. Como se todos se bombeiros e brigadianos não fizessem parte da mesma corporação e estrutura. Mas seguimos a orientação. E ao ligar para o 193 quem atendeu era da cidade de Guaíba. Que solicitou que ligasse novamente para o número a fim de ver se quem atenderia seria de Porto Alegre. Estes problemas são de fácil resolução. Não consomem dinheiro, nem dão trabalho. Corrigi-los seria muito bem vindo para toda a população. Que sabe o quanto o tempo de ação ou reação é importante para determinar o sucesso ou fracasso de uma missão de busca e salvamento.

Muito obrigado!

Vanderlan Vasconselos e equipe.

Fotos: Carlos Oliveira

http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=274&Caderno=0&Noticia=311293

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