A estranha viagem do navio-tanque “Zeugman”.

Como o Brasil não possui uma Marinha Mercante forte, nem uma política pública que a fortaleça. Grande parte do transporte de produtos e mercadorias aqui realizados é feita por navios de bandeira estrangeira. Que tem de seguir algumas regras especiais para, desta forma, se enquadrar na legislação. E poder realizar viagens com carga entre os portos brasileiros. Um destes artifícios é o de obter o registro temporário, no qual o navio é obrigado a fazer uma viagem ao exterior levando carga de origem nacional.


No nosso caso alguns navios são muito frequentes no nosso convívio. Refiro-me aos navios que prestam serviço ao Polo Petroquímico de Triunfo, como o espanhol “Celanova”, o “Norgas Pan” de Cingapura, e o turco “Zeugman”.

Neste texto vou apresentar um fato muito estranho ocorrido com o “Zeugman”. Que partiu do terminal Santa Clara, localizado no município de Triunfo, carregado até o porto de Rio Grande. De lá, o “Zeugman” seguiu rumo ao porto de Recalada, na Argentina. Segundo consta, ele teria atracado neste porto às 16:26 de domingo (30/AGO) e partido às 23:27 do mesmo dia. Em viagem de retorno ao Brasil. No entanto, ao acompanhar o trajeto feito pelo navio. Foi constatado que ele navegou até a altura do balneário de Atlântida, no Uruguai. Que fica entre Punta Del Este e montevidéu. E de lá retornou para Rio Grande. Fato ocorrido às 21:44 da noite de domingo (30/AGO).

Se o que vemos na reprodução do trajeto percorrido pelo navio é correto. E não há porque duvidar disso. O que foi registrado é a simulação de uma viagem, a fim de burlar a legislação brasileira. Um fato grave. Que merece ser não só exposto, mas denunciado. Mesmo por que este é apenas mais um caso de abuso no qual as empresas de navegação estrangeira burlam a lei. E acabam fazendo concorrência desleal contra as empresas de navegação brasileiras. Que sobrevivem com muito custo. Fazendo um sacrifício enorme, para poder disputar um contrato de fornecimento de serviço de transporte.

Fortalecer a navegação nacional é garantir a nossa independência neste setor. É trabalhar pelo fortalecimento da nossa economia. Pela geração de empregos. Tanto de marítimos quanto de trabalhadores dos estaleiros. E é por isto que eu toco neste assunto agora. Pois sei o quanto ele é importante para o nosso país.

Fotos: Carlos Oliveira