Por muitos anos o rebocador “Itu” foi um símbolo entre as embarcações de propriedade do Estado. Potente para os padrões da época, o mesmo foi muito útil ao porto e ao serviço público. Trabalhando no auxílio às manobras de atracação e desatracação ele prestava um serviço muito bem pago. Transportando dragas, cábreas e outros equipamentos pela hidrovia, ele economizava recursos ao erário público, que não necessitava contratar terceiros para fazê-lo.
Hoje o potente “Itu” encontra-se atracado ao cais Mauá. Com seus motores parados há anos, ele serve apenas como símbolo de um tempo que já passou. No qual o Estado era o motor propulsor da economia. Com a capacidade de planejar e executar políticas públicas, de grande impacto econômico. Não esta abandonado, pois serve de moradia a quem lhe cuida. E, ao mesmo tempo, reflete a realidade atual. Da política do “estado mínimo”, que restringe seu papel as funções de gestor e fiscalizador. E que delega à iniciativa privada o papel de real força motriz da sociedade. Sua aparência não é tão ruim. Mas por estar fora de serviço, sua capacidade de ser útil, quando necessário, também esta comprometida.
Diante desta realidade, sempre cabe refletirmos sobre qual é o Estado que queremos. Se for um modelo de “estado mínimo”, implantado no governo Britto, e que gerou no seu Plano de Demissão Voluntária – PDV um esvaziamento do Estado. Ou se queremos um Estado mais atuante. Que não se restrinja ao papel de gestor e fiscalizador de planos e projetos. Mas que tenha a capacidade de tocá-los de forma satisfatória para o bem estar de seus cidadãos. Ter a capacidade de ver nossa realidade e refletir sobre a mesma é essencial para que possamos ter um futuro melhor. Somente discutindo e externando nossas dúvidas é que poderemos crescer. Democracia se faz assim. Com palavras, gestos e atitudes, pautadas pelo bem-estar comum e não pelos interesses particulares. Que só visam o benefício próprio em detrimento da coletividade.
Rebocador “Itu” navegando embandeirado para as comemorações do dia de Nossa Senhora dos Navegantes em 2005.
Rebocador “Itu” inoperante e atracado ao cais Mauá, 2012.
Fotos: Carlos Oliveira
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