É muito comum que nós só valorizemos aquilo que nos diz respeito de uma forma direta. Seguindo esta linha de raciocínio, todas as demais coisas que nós não vemos ligação, no nosso dia-a-dia, recebem um grau de importância menor no nosso juízo de valores.
No nosso dia, estamos acostumados a vermos os caminhões entregando produtos, servindo aos estabelecimentos comerciais, dos quais somos consumidores. Nós não vemos navios, nem conseguimos mensurar sua importância para a nossa vida. No entanto, existe um produto que consumimos diariamente. E que nos é essencial para nosso bem estar. O gás de cozinha, ou gás liquefeito de petróleo – GLP, que no caso do RS possui como principal fonte de fornecimento os navios da Transpetro, empresa subsidiária da Petrobras. Sem este gás, voltaríamos no tempo dos fogões a lenha. E seria praticamente impossível termos a vida que possuímos hoje. Imagine morar em um edifício, tendo o fogão a lenha como única opção para cozinhar a comida. E tendo de estocar lenha para sua utilização. Como seria complexo este modo de viver. Se é que conseguiríamos viver assim.
O fornecimento de GLP ou de gás, até bem pouco tempo era todo por intermédio de navios. Somente após a construção do gasoduto que liga Brasil a Bolívia, é que este produto pode chegar ao nosso Estado de forma abundante. Fornecendo à indústria uma fonte de energia mais barata e limpa. E que, ampliou sua utilização ao possibilitar seu emprego pelos automóveis.
Pois embora já tenhamos uma segunda rota de fornecimento de energia, o gás continua a ser enviado ao nosso Estado por meio de navios. Que para tanto se valem de nossa malha hidroviária. Estes navios costumam fazer viagens semanais. Cujo percurso pode ser tanto internacional, quando os mesmos buscam gás em outro país e o traz diretamente para o terminal instalado no rio Gravataí, no município de Canoas. Ou sendo abastecidos por outro navio maior, fundeado no porto de Rio Grande, para que possam trazer o gás até a região metropolitana.
Como vemos, nem sempre valorizamos tudo o que nos é importante. Isto só ocorre quando algo de errado acontece, e aquele bem tão comum do dia-a-dia nos falta. Ou quando as particularidades do fato nos são mostrada. Divulgar a importância da hidrovia, é muito mais do que fazer propaganda da mesma, é mostrar à população algo que ela não conhece, e que é tão importante quanto à educação, saúde ou segurança pública entre tantas outras coisas. É mostra-lhe de que devemos ter uma política séria para cada setor que nos é não só importante, mas vital para nosso crescimento socioeconômico. Pois se isto não ocorrer, continuaremos a ser um país de contrastes. Onde em alguns setores somos classificados como os melhores, e em outros nossa nota é pior do que muitos países realmente pobres e miseráveis.
Foto: Carlos Oliveira
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