terça-feira, 12 de agosto de 2014

NO MUNDO DA LUA.


Não sei se foi a proximidade da Lua, que nesta semana marcou sua menor distância da Terra neste ano. Ou se é um devaneio de nossos governantes. Mas o certo é que mais uma vez o Governo do Estado dá um passo maior do que a perna. Estou me referindo ao convênio no qual o Governo Federal repassou para a administração da Superintendência de Portos e Hidrovias – SPH, autarquia deficitária, sucateada e com quadro de funcionários deficitário, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul o Porto de Estrela.
 ( Veja matéria oficial publicada no link : http://www.estado.rs.gov.br/conteudo/201739/estado-passa-a-administrar-o-porto-de-estrela )

Não é novidade que a Superintendência de Portos e Hidrovias não consegue administrar a contento os portos de Porto Alegre e de Pelotas. O porto de Cachoeira do Sul, na verdade não existe. Pois ele não possui responsável nem equipe de funcionários e não movimenta nenhum tipo de carga. Logo, usando o raciocínio lógico, ele não existe.

Não é novidade que o Porto de Pelotas só possui movimentação oriunda dos terminais a ele vinculados. E isto se dá por iniciativa privada. Pois da parte pública nenhum trabalho surtiu efeito no sentido de agregar movimentação de cargas. Se é que isto existe.

Não é novidade que o Porto de Porto Alegre é um porto recebedor de carga. E que mesmo possuindo a estrutura dos silos da Companhia de Silos e Armazéns – CESA, não consegue movimentar. Ou melhor, esporadicamente consegue movimentar alguma carga. E esta estrutura não esta integrada na política portuária da SPH, nem do Governo do Estado.

Não é novidade de que as dragas da SPH são velhas e ultrapassadas. Com idade na casa dos 50 anos. Com manutenção precária. Ficando muito mais tempo paradas do que dragando. Sem funcionários suficientes para que todas possam atuar concomitantemente. E é por isto que muitos de nossos canais estão assoreados. Principalmente na região da Feitoria e do acesso ao porto de Pelotas, que em 2011 já estava com sua largura de 80 metros comprometida em 50% devido ao assoreamento natural.

Não é novidade que o Porto de Estrela tem, na dificuldade de navegação, o seu maior empecilho. Já que o rio Taquari se encontra não só assoreado, mas sua dragagem é de maior complexidade. Pois o rio apresenta pedras em seu leito.

Então, diante disso, como justificar o interesse do Governo do Estado em trazer para si mais uma responsabilidade? Mais um porto que também é deficitário para que ela tenha de investir, administrar e arcar com os seus custos.

O fato do Porto de estrela ser administrado pela Companhia Docas do maranhão era uma verdadeira anomalia. Mas isto se explica pela influência política de seu maior político vivo, senador José Sarney. E que já anunciou sua retirada da vida pública. Talvez isto seja reflexo desta decisão política. Outro fato que pode justificar o ato é o interesse do Governo Federal de se livrar de algo que não lhe dá nenhum benefício político, apenas custos políticos e financeiros.

O certo é que analiso este fato como mais uma prova de despreparo de nossos governantes. Que influenciados por um pensamento megalomaníaco. Pensam que vai ficar mais forte ou mais importante incorporando responsabilidades e atribuições de que não poderá cumprir. Temos como exemplo o caso das estradas federais. Cuja manutenção o Estado do Rio Grande do Sul não conseguiu manter. Obrigando-o a devolvê-las com muito custo para a União. Só que no caso das estradas, o desgaste político foi muito maior. A população e os empresários usam as estradas. Diferentemente dos rios, que possuem pouquíssimos empresários utilizando. Logo não gera protestos quando mal conservadas.

Vejam que o meu texto iniciou falando da Lua e passou para a administração portuária e da nossa hidrovia. O certo é que os nossos governantes estão muito mal preparados para administrar a coisa pública ligado aos portos e a hidrovia. Se isto não serve como explicação. Podemos buscar forçar, com muito exercício da imaginação. Que a proximidade da Lua tenha influenciado a cabeça de nossos governantes. Que neste caso estariam literalmente com seus pensamentos no “mundo da Lua”. Ao proporem, lutarem e aceitar mais responsabilidade do que podem cumprir.

Pensem nisso pois este ano é de eleições. E o que nós precisamos são de administradores competentes!

Vanderlan Vasconselos

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