terça-feira, 25 de setembro de 2012

Transporte de contêineres pela hidrovia – Os números que assustam.

Os dados que são utilizados neste texto são provenientes do site oficial da Superintendência do Porto de Rio Grande – SUPRG. Eles revelam o número de contêineres movimentados na área sob sua jurisdição, no qual se encontra o TECON Rio Grande, que é o terminal privado especializado na movimentação deste tipo de carga. Os dados disponíveis até hoje só abrangem os meses de janeiro a julho de 2012. E são os seguintes:

Mês
Volume de contêineres movimentados (TEUs)
Dias de cada mês
Média diária de contêineres (TEUs)
Janeiro
48.666
31
1.569,87
Fevereiro
45.838
29
1.580,62
Março
47.093
31
1.519,12
Abril
45.124
30
1.504,13
Maio
44.955
31
1.450,16
Junho
56.099
30
1.869,96
Total
287.775
182
1.581,18

Neste impressionante número de 287.775 contêineres movimentados nos seis primeiros meses do ano, nós sabemos que nem todos os contêineres serão transportados de imediato pelas nossas estradas. Alguns que vem vazio ficam armazenados, a espera do momento certo de transitar. Ocasião em que são enviados até o seu local de carregamento, para posteriormente retornarem ao porto e serem embarcado em algum navio. O certo é que em algum momento estes contêineres vão rodar em nossas estradas. E este transporte vai ocorrer de forma dobrada. Já que os mesmos necessitam ir ao local de carregamento para posteriormente retornarem ao porto de embarque. Ou irem ao local de descarga para posteriormente retornarem ao porto, carregado ou não.

Se por um lado nós devemos nos orgulhar do grande movimento realizado, por outro lado é assustador constatar que nenhum destes contêineres viaja pela hidrovia. Mesmo ela tendo seu trajeto em paralelo com a principal ligação rodoviária para o porto de Rio Grande. A média diária superior a 1.518 veículos pesados que transita rumo a Rio Grande demonstra, de forma clara a falta de uma política pública eficiente e eficaz para solucionar o problema de nossas estradas. Cuja manutenção esta sempre abaixo do desejado. Já que não há como fazê-la e manter, concomitantemente, volume tão grande de veículos pesados circulando sobre a mesma.

Assusta também pensar que grande parte deste tráfego passa pela nossa congestionada e estrangulada BR-116, em Canoas. E não são raros os casos em que os caminhões se valem de passar por dentro das ruas da cidade, numa busca de solução para o tráfego lento ai existente.

Assusta muito constatar que a média de veículos pesados é constante durante todos os meses. Atingindo muito a qualidade de vida de nossa população nos meses de veraneio. Período em que os passeios se tornam mais comuns. E o risco de acidentes fica mais elevado.

Não é demais lembrar, que cabe ao governo não apenas a cobrança de impostos, mas a realização de políticas públicas que visem o nosso bem-estar comum. Propiciando um nível de vida melhor e um crescimento econômico sustentável. Neste ponto devemos cobrar não só propostas, mas soluções coerentes com o papel que o Estado deve cumprir. Não podemos nos contentar com uma visão de Estado mínimo, administrador e fiscalizador. Que deixa por conta da iniciativa privada a força motriz do desenvolvimento sócio econômico. Já que em muitos casos o que a iniciativa privada pensa é tão somente nos seus interesses. No que lhe é bom, favorável e rentável. Já ao Estado, compete pensar no bem–estar social de toda a população, e não de uma ou outra classe ou camada social. É por este motivo que ele é Estado e possui o poder que lhe foi instituído ao longo do tempo.

Se o Estado não se impor, cada agente econômico vai fazer apenas o que melhor lhe agrada. Infelizmente são poucos os empresários que pensam no bem comum. Isto é um dever do Estado. E é tremendamente preocupante vermos que mesmo possuindo portos e o poder de fomentá-los, desenvolvendo-os de forma rápida e eficaz. Os mesmos ficam relegados a um plano secundário. Carentes da vontade política de torná-los verdadeiros instrumentos de desenvolvimento socioeconômico. E quando isto acontece, o que nós vemos é um crescimento desordenado. Que traz consigo tantos danos quantos benefícios. Só que os benefícios são privados e os danos são públicos. Pensem nisso!

Fotos: Carlos Oliveira

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