quinta-feira, 27 de setembro de 2012

E os trens, não transportam contêineres?


Este questionamento eu recebi de um leitor do blog após ler a série de artigos aqui divulgados. A resposta ao questionamento é sim. Os trens também podem transportar contêineres e o fazem cada vez com maior frequência.

No âmbito de nossa realidade, a cidade de Rio Grande recebe diariamente um comboio ferroviário e dela também parte um. A configuração deste comboio chega a ter três (03) locomotivas puxando mais de cem (100) vagões. Como a linha férrea é simples, existem alguns trechos em que a mesma foi estrategicamente duplicada, permitindo o cruzamento dos comboios. Um exemplo disso ocorre na comunidade do “Povo Novo”.  Estes vagões são basicamente de três tipos, a saber: Fechado, tanque, e plataforma.

No conjunto de vagões do tipo fechado os mesmos se prestam para o transporte de cereais, produtos a granel ou carga unitizada. Já os tanques, servem para o transporte de líquidos, geralmente inflamáveis. No tipo plataforma se leva desde contêineres até peças e veículos.

Atualmente a estação ferroviária de Rio Grande localiza-se na área do Super Porto, e possui ramificação que atende desde o Terminal de Contêineres até a Refinaria Ipiranga. Sendo que o ramal que chegava a área do Porto Novo se encontra fora de uso. Ao longo deste trajeto, basicamente todos os terminais de embarque de carga possuem ligação com a linha férrea. E o transito de vagões é intenso. E no pátio onde o trem entra na área do TECON Rio Grande existem dois guindastes sobre rodas para executar a manobra de retirada ou colocação dos contêineres sobre os vagões. Estes guindastes originalmente eram empregados na linha de frente das operações de embarque e desembarque de contêineres dos navios. Com o passar do tempo foram substituídos por equipamentos mais novos e eficientes. E hoje se encontram nesta área. Sobre os mesmos, no ano passado o então diretor de Portos, engenheiro Silvio David conversou sobre a possibilidade dos mesmos serem transferidos a Porto Alegre. Mas devido sua exoneração, tendo em vista o belo trabalho que o mesmo vinha exercendo na SPH, o assunto, ao que me consta, não foi adiante. Sobre estes guindastes, é digno de se assinalar, que a sua operação é toda ela realizada com o auxílio de operários, no engate e desengate dos cabos ao material a ser elevado. Este fato torna a operação mais lenta. Se bem que para quem não tem nada, todo presente é sempre bem vindo. Entre os produtos que chegam a Rio Grande o predominante é carregado nos vagões fechados e nos tanque. É comum vermos vagões plataforma carregados com madeira. Fato que mostra que sua utilização não é exclusiva para contêineres.

O importante é que o leitor tenha em consideração que por maior que seja o comboio ferroviário a operar em Rio Grande, sua capacidade de transporte ainda é insignificante. Se ao todo fossem cem (100) vagões empregados somente para o transporte de contêineres, este número não chegaria 10% da demanda atual. Hoje o trem cumpre um papel importante no escoamento da safra agrícola. Este espaço não deve migrar de um tipo de carga para outro. O mais importante é que diante da realidade observada, nós podemos concluir o quanto nossa logística é deficitária e carente. E isto só se resolve com política pública e principalmente, boa vontade. Sem os dois fatores andando juntos, dificilmente a coisa anda.

Foto: Carlos Oliveira

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