sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Transporte de contêineres pela hidrovia - Onde foi que erramos?
Se no passado nós tivemos um terminal de contêineres licitado e ele não deu certo. Não conseguiu movimentar o número mínimo de carga projetado. E por isto não se sustentou economicamente. Tendo de fechar suas portas. É lógico pensarmos que erramos em alguma parte. E como esta não foi a única tentativa que fizemos neste sentido. É de se pensar que erramos duas vezes e não identificamos isto como falha nossa. Logo não aprendemos ou estamos bloqueados para esta aprendizagem.
Se todos os porto possuem uma realidade específica. Que não esta somente ligada a sua condição geográfica, mas a realidade econômica da região que lhe rodeia; a capacidade técnica dos seus funcionários em administrar e gerir o negócio com conhecimento de causa. Apenas para citar dois fatores dos muitos que podem interferir no caso. Seria extremamente prudente pensarmos que pecamos pelo excesso de confiança. Não fomos realistas, ou humildes para começarmos em um projeto pequeno, dando lhe condições de maturar e crescer com o passa do tempo.
Esta falta de profissionalismo foi tanta. Que pensamos que poderíamos embarcar e desembarcarmos contêineres com guindastes manuais e sermos ao mesmo tempo competitivos comercialmente. Numa operação que, por ser manual, torna-se extremamente lenta e demorada. Na contramão da própria lógica do emprego do contêiner. Que pressupõe a velocidade nas operações de embarque e desembarque como o grande atrativo econômico. E, ao fazermos assim, ainda não o fizemos com segurança para o pessoal envolvido na operação e, principalmente, para com a carga do cliente. Que em caso de avaria, representa um prejuízo em dobro para o mesmo.
É interessante observarmos que isto reflete uma questão cultural. Que em muitos casos só é vista e compreendida quando se esta examinando o caso a certa distância. No ano de 2011, em mais de um momento foram ministrados cursos na parceria entre a Marinha do Brasil, a Fundação para Estudos do Mar – FEMAR e o Órgão Gestor de Mão-de-Obra – OGMO na área de contêiner. Cursos que se realizam dentro da área portuária. E que têm por objetivo maior qualificar os funcionários do porto, os operadores portuários, os trabalhadores avulsos e demais membros da comunidade ligada a navegação. E só quem demonstrou interesse em fazê-lo foram os cinco guardas portuários e o Carlos Oliveira, na qualidade de assessor superior da SPH, dentro da estrutura da administração portuária. Esta realidade é ao mesmo tempo triste e preocupante. Pois demonstra o baixo interesse dentro do setor que deveria ser o mais interessado na qualificação e aprimoramento profissional, que é o público. De certa forma isto transparece para a comunidade portuária. E sinaliza de forma negativa. Mostrando que não as coisas não vão mudar ou melhorar. Que nosso porto vai continuar em seu processo de encolhimento e empobrecimento.
O que nós podemos concluir, é que se queremos mudar, temos de primeiro revermos nosso passado de forma crítica. E, com base nela, buscarmos um comprometimento verdadeiro com nosso futuro. Mudando o que deve ser mudado e trabalhando com seriedade. O serviço público, assim como o privado, não pode aceitar de forma pacífica a ineficiência e o prejuízo. Pois se assim o fizerem vai comprometer o maior de seus objetivos. O de dar segurança e bem-estar social a população.
Fotos: Carlos Oliveira
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