Quando se fala em custo Brasil, muita gente não consegue compreender o que isto realmente significa. O mesmo ocorre quando se cita a existência de gargalos logísticos, aonde literalmente o movimento de carga chega, em um volume muito maior, do que pode ser processado por um determinado local. Seja ele uma estrada, uma ferrovia, um aeroporto ou um porto. É por este motivo que vou fazer aqui uma pequena recuperação sobre as operações que envolveram o navio mercante "CMB Liliane". Pois creio que este exemplo é muito apropriado para que o leitor posa compreender o assunto.
O "CMB Liliane" é um navio mercante de bandeira chinesa, registrado junto ao porto de Hong Kong. Seu comprimento total é de 180 metros e sua largura máxima chega aos 30 metros. Como navio graneleiro chegou ao Brasil com um carregamento de ureia. Atracando no terminal de uso privado (TUP) da empresa Yara Brasil fertilizantes, do porto de Rio Grande, às 18:02 do sábado (01/JUN/2013). A operação de descarga teve início pouco tempo depois, ás 20:15 demonstrando uma agilidade boa, para uma operação portuária. Finalizada esta operação, do qual 3.000 toneladas de ureia haviam sido retiradas. O navio partiu às 16:10 de domingo (02/JUN) deste terminal, rumo ao Porto Novo de Rio Grande. Local aonde atracou às 17:00. Nesta nova operação foram descarregadas mais 24.352 toneladas de ureia. Deixando o navio pronto para partir às 08:00 da manhã da domingo (07/JUN/2013), rumo a cidade de Porto Alegre. Aqui, na capital do estado, o "CMB Liliane" atracou na segunda-feira (08/JUN) para descarregar mais 7.700 toneladas de ureia. Sua partida de Porto Alegre ocorreu no sábado (13/JUN). Tendo como próximo porto de destino o de Rio Grande para lá receber, em seus porões, cerca de 30.000 toneladas de farelo de soja. No entanto o mesmo não pode atracar de imediato no terminal da empresa Bianchini. Tendo de ir fundear fora da barra do Rio Grande às 06:00 da manhã de domingo (16/JUN). E lá ficou por 34 dias a espera do momento de novamente entrar na barra para atracar e poder ser carregado. Com isto, na sexta-feira (19/JUL) às 12:40 finalmente o navio atracou no terminal da empresa Bianchini. Tendo as operações de carregamento iniciado às 14:40.
Como podemos ver, há um custo enorme para se manter um navio parado. Este custo é pago pela indústria que esta envolvida na operação, mas envolve uma transação em moeda forte. Que sai dos cofres públicos, das reservas que o país possui. Quando o navio partiu do porto de Porto Alegre, ele o fez com seus porões vazios. Neste momento perdeu-se a primeira oportunidade de acelerar o processo de embarque de produtos e mercadorias. Quando ele chegou em Rio Grande, teve de esperar a vez para ser atendido no terminal privado. Pois o porto público, embora possua uma profundidade maior (calado) não possui condições técnicas para embarcar nossa produção agrícola (sementes) ou industrial (farinha ou farelo). Perdemos com isto nossa segunda oportunidade de mostrarmos eficiência e eficácia. É com a soma destas deficiências que nós acabamos naufragando na economia mundial. Encarecendo um produto que os trabalhadores do campo, com muito suor e trabalho conseguem produzir a baixo custo. Investindo na melhoria de seus processos e em tecnologia que custa caro, mas dá resultado. Mudar esta situação é algo urgente. Pois a ineficiência de alguns prejudica a todos nós. Produtores ou não. Consumidores ou não. Pois o prejuízo não fica restrito a um setor da sociedade brasileira. Ele transpassa aos demais de uma forma invisível e poderosa.
Não podemos aceitar que os portos públicos não sejam eficientes.
Não podemos aceitar, que para se ter eficiência, temos de entregar o que é público para a iniciativa privada.
Não podemos aceitar que isto seja uma verdade cristalina. Pois se assim o fizermos estamos reconhecendo que o setor público é um peso para a sociedade.
Pensem nisso. Pois isto é um problema nosso. Que temos de resolver se quisermos progredir e ter paz social com crescimento econômico.
Muito Obrigado!
Fotos: Carlos Oliveira
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