Durante o
mês de junho, o Porto de Porto Alegre recebeu a visita do navio mercante
“Triton Stork”, de bandeira panamenha. Aqui a embarcação que mede 189,59 metros
de comprimento descarregou 7.250 toneladas de insumo para a indústria de
fertilizantes. Sua operação de descarga foi concluída no dia 26 de junho e o
mesmo partiu rumo ao porto de Paranaguá, no Paraná. Lá chegou no dia 29, logo
após a meia noite, tendo de fundear fora da barra para aguardar o momento de
sua entrada no porto. Sua espera neste local ocorreu até o dia 10 de julho,
quando recebeu autorização para entrar na área do porto, para então fundear
novamente. Por fim atracou às 10 horas da manhã do dia 11.
Um fato que
nós devemos questionar é o porquê o porto de Porto Alegre perdeu sua capacidade
de realizar grandes embarques de carregamentos de cereais. Há uns anos atrás
este tipo de operação era corriqueiro. Muitos dos navios que aqui aportavam
para descarregar insumos para a indústria de fertilizantes aproveitavam a
oportunidade para também carregar cereais. Mesmo não saindo com seus porões
completos, eram possíveis dos mesmos levar uma parte da carga, e completá-los
em Rio Grande. Onde o calado é maior e permite ao navio receber maior volume de
carga. No entanto, nos dias de hoje este tipo de operação não ocorre mais. E
nem se questiona o porquê desta realidade ser assim.
Não é
novidade que uma das empresas que pode fazer este tipo de operação é a
Companhia Estadual de Silos e Armazéns – CESA. Autarquia do Estado que passa
por diversas dificuldades em virtude da falta de investimento em seu
maquinário. Não que o mesmo não receba recursos, mas sim por que quem não
investe e se moderniza esta fadada a ficar ultrapassado. Já que na atualidade
se cobra cada vez mais rapidez nos processos de embarque e desembarque de
produtos e mercadorias.
Outra parte
do nosso porto que realizava este tipo de operação, era o antigo terminal da
empresa Samrig. Que hoje se encontra desativado e em lastimável estado de
conservação.
Lastimável
é constatarmos a incapacidade do Estado de manter seu patrimônio conservado e
operando. E sua ineficiência em conseguir fazer parcerias com a iniciativa
privada para que, na sua incapacidade, possa tocar o negócio a contento. A
demora em tomar atitudes representa a depredação deste patrimônio ao ponto do
mesmo deixar de ser considerado um bem, transformando-se em sucata, conforme
cada caso. Isto é possível de ser visto em vários locais do nosso porto da
capital do Estado. Que deveria ser um cartão de visitas dinâmico. Mostrando nosso
potencial e nossa agilidade. Mas que na realidade evidência nossa incapacidade
de gerenciar um negócio lucrativo em qualquer parte do mundo: um porto.
Como
podemos ver, estamos perdendo posições no âmbito nacional não pela
competência dos demais estados da federação. Mas pela nossa ineficiência. E
isto tem de ser revisto. Pois do contrário, em pouco tempo nossas dificuldades
haverão de ser muito maiores. Esta na hora de deixarmos de lado o orgulho. E
assumirmos que é preciso investir na educação, capacitação e profissionalização
do setor público. E que não é possível mantermos a máquina pública apenas com
discursos otimistas, e sem união dos partidos políticos pelo bem comum.
Política não se faz para proveito próprio e sim para o bem estar socioeconômico
da população.
Foto 1 –
Navio mercante “Triton Stork” partindo vazio do porto de Porto Alegre”
Foto 2 –
Silos da CESA, um patrimônio público junto do porto e pouco utilizado neste
contexto.
Foto 3 –
Navio mercante “Lily”, de bandeira brasileira operando no terminal graneleiro
do porto de Porto Alegre.
Fotos: Carlos Oliveira
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