O navio mercante “Nikos N” partiu vazio do porto de Porto Alegre na manhã chuvosa desta terça-feira (10). A embarcação que teve de ficar fundeada na área “Bravo”, que se localiza em frente ao Cais Mauá iniciou a manobra de giro por volta da 8h10min. Para tanto contou com o apoio de dois rebocadores da empresa Navegação Amandio Rocha – NAR, que presta este tipo de serviço junto ao porto da capital. Sendo que, às 8h25min o “Nikos N” já se encontrava navegando em frente a ponta do Gasômetro, rumo a Lagoa dos Patos.
Oportunidades como esta é um bom momento para se discutir e evidenciar as dificuldades que a atividade portuária e de navegação enfrentam. A discussão serve para mostrar onde é necessário um esforço do serviço público no intuito de dar maior agilidade e fluidez ao processo. Cujos resultados econômicos vêm em benefício de todo o Estado do RS.
Em se tratando do porto de Porto Alegre, é comum escutarmos que o mesmo é pouco utilizado devido sua longa distância do mar. E que com relação a isto, os navios preferem atracar no porto de Rio Grande. Nesta linha de raciocínio se faz referência ao fato do navio ter de gastar um dia para fazer o trajeto entre Rio Grande – Porto Alegre e outro no retorno. Muitos afirmam que a falta de sinalização adequada é o principal motivo a impedir que este trajeto seja realizado também no turno da noite. Fato que acarretaria numa redução significativa no tempo de viagem. Tornando nosso porto mais atrativo economicamente.
O certo é que mesmo que a sinalização estivesse toda ela no “estado da arte”, ou seja, equipada com o que há de melhor e mais moderno. Ainda assim a navegação sofreria restrições no turno da noite. E isto pelo fato da mesma não se enquadrar nas exigências referentes à largura dos canais artificiais e ao ângulo de algumas de suas curvas.
Atualmente nossos canais, que foram projetados segundo os padrões do início do século passado possuem 80 metros de largura. Já os navios mercantes de longo curso que aqui aportam exigiriam canais com aproximadamente 200 metros de largura. E esta exigência visa apenas possibilitar que os mesmos possam se cruzar sem que haja risco a sua segurança e a da manutenção do canal desobstruído em caso de acidente. Para quem desconhece o assunto, se antes as embarcações possuíam no máximo 15 metros de largura, hoje é comum navios atracarem em Porto Alegre com largura superior a 32 metros. Considerando o cruzamento entre dois navios com esta largura num canal de no máximo 80 metros, a distância entre as embarcações ou destas para as bordas do canal fica perigosamente reduzida. E a não ocorrência de um acidente é pura questão de sorte e perícia de seus condutores. Não foi por nada que neste ano o navio “Pomorze” ficou por duas semanas encalhado próximo ao Farol de Itapuã. Neste caso o encalhe ocorreu quando do cruzamento do navio “Pomorze” com o navio “Santa Ines SW”.
Veja mais nos links:
http://vcvesteio.blogspot.com.br/2012/04/apos-desencalhe-navio-mercante-pomorze.html%20e%20http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=117&Numero=168&Caderno=0&Noticia=402937
Como podemos ver discutir os problemas não é criticar pura e simplesmente. Pois se cabe ao Estado dar condições de pleno desenvolvimento de nossa economia, como meio de garantir o bem-estar social. O levantamento de questões críticas é parte integrante deste processo. Não podemos e nem devemos nos contentar com discursos otimistas, mas que de concreto muito pouco agregam à modernização de nosso Estado. Espero que este texto seja mais um a contribuir para a melhoria de nosso futuro. Pois este é seu objetivo maior.
Fotos: Carlos Oliveira
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