quinta-feira, 9 de maio de 2013
Navio mercante “Arosa” um exemplo sobre o custo Brasil.
O presente texto visa mostrar o porquê de o custo Brasil ser um problema muito sério. Cito este caso, pois o navio mercante “Arosa” esteve operando em Porto Alegre e daqui partiu vazio.
Esta história teve início 09 de abril, uma terça-feira, quando o “Arosa” atracou junto ao Cais Navegantes, do Porto Organizado de Porto Alegre. Em seus porões o navio trazia um carregamento de 9.000 toneladas de sal marinho, embarcados no porto de Areia Branca, localizado no estado do Rio Grande do Norte. Depois de concluída a operação de descaga do navio, ele rumou para o porto de Rio Grande, onde deveria receber um carregamento de soja em grão. Porém não pode atracar, e teve de entrar na fila de navios a espera do momento apropriado para realizar esta operação. Por este motivo dirigiu-se para mar aberto, fundeando fora da barra do Rio Grande na sexta-feira (12/Abril). Sua espera em alto-mar estendeu-se por 20 longos dias. Até que finalmente no dia 02 de maio, uma quinta-feira, o navio foi autorizado a entrar e atracar junto ao terminal da empresa Bianchini, localizado na área do Super Porto de Rio Grande. Entre às 07:29 da manhã do dia 02 até às 10 horas da manhã de sábado (04) o navio recebeu em seus porões o carregamento tão esperado. Neste momento ele pode partir e seguir o rumo de sua viagem para o porto de Santos.
Considerando que o “Arosa” é um navio estrangeiro, cujo fretamento é pago em dólares. E que em média o custo diário de aluguel de um navio é de U$ 25.000,00 (vinte e cinco mil dólares). O custo que o país teve nos 20 dias em que o “Arosa” ficou parado em frente ao porto de Rio Grande foi de U$ 500.000,00 (quinhentos mil dólares). Como sabemos que o navio seguiu viagem para o porto de Santos. Aonde o congestionamento é muito maior. Este custo haverá de ser ampliado ainda mais. Nesta situação, exportar ou simplesmente tentar embarcar em um navio torna-se um negócio de risco. Que pode até inviabilizar a economia nacional. E talvez seja este um dos motivos que faz com que nossa balança comercial esteja sempre demonstrando resultados pouco expressivos.
Por um lado nossa logística de portuária é deficitária. Com poucos investimentos, principalmente nos portos públicos. No caso do navio mercante “Arosa”, se ele chegou ao Porto Organizado de Porto Alegre com 9.000 toneladas em seus porões, isto indica que ele poderia ter saído no mínimo com igual volume de produto. Agilizando a sua viagem e economizando recursos que nos são tão caros de se conseguir.
Por outro não possuímos uma marinha mercante forte. Os navios que possuímos mal conseguem fazer a navegação de cabotagem. Quanto mais se serão capaz de transportar a nossa própria produção nos seus porões para outros países, ou de lá trazerem o que necessitamos. A exceção, esta por conta da Petrobras, mas mesmo assim sua frota é menor do que sua necessidade. Obrigando-a fretar navios estrangeiros para atender os volumes movimentados.
Este fato é muito grave e merece uma reflexão mais profunda. É um problema antigo e tem de ser enfrentado de frente. Enquanto nos dias de hoje se fala tanto em polo naval. O tom dos discursos é única e exclusivamente para atender as demandas da Petrobras. Não se fala em construir navios para as empresas de navegação nacional. Não se fala em valorizar aos pequenos e médios estaleiros. Este é um erro que temos de reverter. Pois do contrário vamos continuar a trabalhar para vender ao exterior nossa produtividade. Sem que o país consiga com isto fazer caixa. Ampliar nossas reservar. Pois estaremos gastando tanto quanto estamos ganhando no pagamento do frete de quem leva nossa produção. Isto já ocorreu no passado e continua a ocorrer no presente. E quem nega isto esta prestando um desserviço à nação.
Pensem nisso!
Foto: Carlos Oliveira
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