segunda-feira, 20 de outubro de 2014

DIFUNDNDO A MENTALIDADE MARÍTIMA.

Recentemente recebi um questionamento de leitor do blog sobre a carga transportada pela barcaça graneleira “Prof. Luiz L. de Faria”. Sua dúvida era se o produto era farinha ou farelo de soja. Para responder a questão tenho de mostrar o longo caminho que temos de percorrer a cada texto que aqui divulgamos. Estou falando no plural, pois conto com o apoio de outro colaborador. Que assim como eu é membro da Sociedade Amigos da Marinha – SOAMAR, mas que diferentemente de mim. Que recebi este reconhecimento em 2011 e, portanto sou novo. Ele o é desde o ano de 1996. Refiro-me ao Carlos, que com seu conhecimento e suas fotografias me auxilia na divulgação da mentalidade marítima. Que é um dos objetivos da Marinha do Brasil. E que busca possibilitar que a população possa tomar conhecimento da importância da navegação para o Brasil e para a vida dos brasileiros.


 BASE OFICIAL DAS INFORMAÇÕES

As informações que aqui são divulgadas, tem como base sempre um site oficial.Normalmente se utiliza o site da Superintendência do Porto de Rio Grande – SUPRG; o da Superintendência de Portos e Hidrovias – SPH; o da Praticagem de da Barra do Rio Grande; ou o da Praticagem da Lagoa dos Patos.

SUPRG

O site da SUPRG é o mais completo, ele divulga o tipo de produto e o volume transportado pelos navios mercantes e pelas barcaças da navegação interior. Mas ele não possui referência do terminal de origem e destino das barcaças. Normalmente a referência é citada como sendo Porto Alegre. E isto inclui os terminais existentes nas cidades de Canoas, Estrela, Guaíba, Nova Santa Rita, Triunfo e Taquari. O tipo de carga é que nos permite saber a origem de algumas das viagens realizadas por estas embarcações. Em outros casos é o fato do volume ser um número preciso, e não um número redondo que nos dá condição de saber de que terminal a carga vem.

No entanto, há casos em que os produtos divulgados não são bem os que as barcaças realmente transportam. Para se ter uma ideia de como isto ocorre. Uma das classificações básicas é a que descreve o produto como “naftas para petroquímica”. Segundo um leitor, que trabalha na própria PETROBRAS, este produto na verdade é classificado na sua empresa como sendo “óleo combustível pesado”. Até nós sabermos disso, tínhamos apenas a informação oficial do porto.

Outro caso esta materializado na classificação da carga como sendo de “peptonas e seus derivados”. O conceito de peptona é fácil de saber. Mas quais são os derivados?

Já o termo “farinha de outros cereais” é mais vago ainda. Quando é empregado não dá nenhuma dica que possa nos ajudar a identificar e sermos precisos da forma como gostaríamos.

SPH

As informações disponibilizadas por esta autarquia melhoraram com o advento da implantação do sistema porto sem papel. Mas mesmo assim Há muitas lacunas a serem preenchidas. E este não é o modelo ideal.

OS SITES DA PRATICAGEM

Eles são bons e precisos. O destaque esta no porto de Rio Grande. Cujo arquivo é muito rico em detalhes. E sua memória é muito grande. Não apagando as informações com o passar do tempo.

SEMENTE E SOJA MESMO TRITURADA

O caso da soja é muito expressivo. Já que este é um produto importante no conjunto do que se produz e embarca em nosso estado. Em alguns casos o termo empregado é “soja para semeadura”. Isto quer dizer que o grão de soja esta perfeito. Por isto se chama semente. Também nos revela que ele não é de soja transgênica, cujo mecanismo de germinação não funciona da mesma forma que em uma semente normal.

O oposto nós vamos encontrar no termo “soja mesmo triturada”. Que é basicamente uma mistura aonde pode aparecer grão perfeitos, grãos quebrados ou grãos triturados. Grãos estes tanto de soja natural, quanto de soja transgênica.

CRUZANDO INFORMAÇÕES

Na busca pela perfeição nós também temos de cruzar algumas informações. Observamos o que os navios de longo curso estão embarcando com o tipo de carga que as barcaças estão levando para os terminais. Nesta caso “farelo de soja” é um termo pouco utilizado Já “soja mesmo triturada” não. Há muito embarque deste tipo de produto. E é com base nestas informações que os textos são escritos.

AMPLIANDO A BUSCA

Informações sobre origem e destino, dos navios mercantes de longo curso e cabotagem, exigem uma ampliação de nossa base de busca. Isto ocorre unto ao site oficial de outros portos ou na página dos seus respectivos Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO. Nestes locais se encontra disponível, embora nem sempre, informações sobre a passagem do navio por este porto.  Em alguns casos o tipo de produto descarregado e seu volume.

Já em sites dedicados a navios. Estes invariavelmente de origem estrangeira. É possível descobrir o roteiro de viagem do navio. Além de dados mais precisos da embarcação.

CONCORRÊNCIA É ACIRRADA

Um fato que dificulta a coleta de informações é a concorrência acirrada entre as empresas de navegação. Normalmente elas não revelam a composição de suas cargas e a relação de seus clientes. No caso da navegação interior isto é muito forte. A existência de ouças empresas e de menos clientes ainda. Eleva a competição de forma assustadora. Neste sentido toda informação vale ouro. E revelá-la é expor os negócios e os interesses da empresa para os demais concorrentes.

UM PROJETO NACIONAL

Em parte o que esta sendo realizado aqui, é semelhante, embora menos preciso, do que o próprio governo federal tem buscado fazer.Que consiste em identificar a origem e o destino de cada tipo de carga transportada no Brasil. E com base nestas informações buscar racionalizar o transporte de carga no país. É claro que nós não temos esta pretensão toda. A nossa se limita em identificar, divulgar e com isto mostrar que existe uma opção do transporte marítimo ou hidroviário, mais seguro e econômico para quem produz.

Embora o governo federal consiga obter e cruzar todas as informações. Este trabalho não estava se desenvolvendo da forma como eles pretendiam. As dificuldades eram tão grandes quanto às pretensões do projeto.

TODA A CONTRIBUIÇÃO É SEMPRE BEM VIDA

Considerando tudo o que aqui foi dito. Nós queremos mostrar o quanto de trabalho pode dar para fazer um texto por mais simples que ele seja. E que mesmo com a melhor de todas as intenções. Nem sempre se consegue ter a informação por completo. É por este motivo que toda a informação complementar fornecida é sempre bem vinda. E estamos de portas abertas para recebê-las e se for o caso corrigir uma informação incorreta aqui divulgada. Espero que este texto tenha sido útil aos nossos leitores. E que ao lê-lo eles compreendam um pouco mais a importância do que aqui esta sendo desenvolvido. Que não é um projeto ou uma ideia nossa. Mas que se enquadra num projeto estratégico da Marinha do Brasil. Que se encontra descrito no seu manual de Relações Públicas.

Muito Obrigado!

Vanderlan Vasconslos

Fotos: Carlos Oliveira

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