sábado, 2 de novembro de 2013
Manobra de giro irregular persiste no porto de Porto Alegre.
Há certas coisas que nós não podemos aceitar que ocorram, sob pena de sermos coniventes. Uma destas coisas diz respeito à manobra de giro que os navios mercantes maiores de 150 metros de comprimento realizam em frente ao cais Navegantes do Porto Organizado de Porto Alegre.
Neste espaço, a distância entre a parede do cais do porto e o limite máximo, com profundidade oficial do porto, esta em torno de 300 metros. Porém a área não é contínua, pois há um espaço com grande assoreamento, que resulta em profundidade muito baixa, menos de 2 metros.
A NORMA SEGUNDO A AUTORIDADE MARÍTIMA.
Segundo as normas estabelecidas pela Marinha do Brasil, que, diga-se de passagem, é a Autoridade Marítima em nosso país. Com competência para legislar sobre o assunto e definir os parâmetros de segurança a serem cumpridos em todo o território nacional. E que neste caso, não esta inventando nada de novo. Apenas aplicando uma regra que é definida no âmbito das Nações Unidas. No qual o espaço onde os navios dão o giro têm de ter, no mínimo, duas vezes o seu comprimento mais a sua largura, para que esta manobra possa ocorrer com plena segurança. Infelizmente e inexplicavelmente, esta regra não esta sendo respeitada na área de responsabilidade administrativa do Porto Organizado de Porto Alegre. Revelando um desleixo do ente público, que têm por obrigação seguir a lei e fazer com que a lei seja cumprida.
SEGUIR A LEI.
No fato que diz respeito ao “seguir a lei”. Temos de compreender que a área aonde pode ocorrer o giro deve estar devidamente delimitada. Não só descrita, mas sinalizada por meio de boias. Esta sinalização não existe. Embora haja mais de uma centena de boias expostas ao tempo sobre o cais do porto, junto ao armazém C-3, perecendo desde o ano de 2011.
FAZER CUMPRIR A LEI.
No tocante ao que diz respeito “fazer que a lei seja cumprida”, nós remetemos ao fato da autoridade portuária ter por obrigação, a necessidade de cobrar que no seu espaço de jurisdição, as normas legais sejam cumpridas. Não permitindo que o “jeitinho” prevaleça sobre a forma correta de se agir e proceder.
OS RISCOS A QUE O ESTADO ESTA EXPOSTO.
O risco que nós identificamos neste momento, é de que o Estado seja arrolado como omisso em caso de ocorrer um acidente. Seguindo o exemplo do que ocorreu a bem pouco tempo. No caso da extração de areia de forma irregular nas águas do rio Jacuí. Aonde a Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM é ré por não ter cumprido a sua função de fiscalizar e coibir as eventuais irregularidades.
No que diz respeito ao giro dos navios mercante em si. Temos de considerar que caso algum venha a encalhar ou a colidir contra outra embarcação. A não existência de sinalização náutica no local, bem como a não cobrança de que se cumpra a lei, caracteriza uma postura omissa. Logo passível de responder solidariamente de forma administrativa e financeira a quaisquer danos e prejuízos que venham a ocorrer.
O CASO DO NAVIO MERCANTE “SANTA KATARINA”.
E para não dizer que estou falando alguma incoerência, tomo a liberdade de relembrar o caso do encalhe do navio mercante “Santa Katarina”. Cujo processo esta em curso junto ao Tribunal Marítimo. E cuja sentença deverá atribuir as responsabilidades de todas as partes envolvidas. Incluindo neste contexto a administração do Porto Organizado de Porto Alegre, se assim couber.
E neste caso ocorreu um prejuízo financeiro muito grande. Já que o navio ao ficar encalhado exigiu a contratação de um serviço especial de salvatagem. Com o deslocamento de dois rebocadores do porto de Rio Grande. A vinda de técnicos do exterior para coordenar o serviço. Além do pagamento de aluguel do navio no período em que ele ficou inoperante.
QUEM PAGA A CONTA É O POVO.
Estes custos, caso a autarquia seja condenada no processo, vão ser pagos pelo povo do Rio Grande do Sul. Já que o porto, infelizmente e inexplicavelmente é deficitário. Seu custo de manutenção é bancado pelo tesouro do estado. Que todo o final de mês tem de por dinheiro, para completar os compromissos financeiros do mesmo. Cuja soma de todas as receitas não chega a 20% das necessidades.
Diante deste quadro, resta a nós refletirmos sobre a nossa realidade. E a necessidade de sermos cada vez mais profissionais. Comprometidos com o sucesso da administração pública. Segundo os preceitos mais nobres que a norteiam. Mas que, infelizmente e inexplicavelmente não são a tônica de nossa realidade.
Fotos: Carlos Oliveira
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