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Um país que não tem a capacidade de escoar as suas riquezas para o mundo, pode ser dizer soberano? Um país cujas autoridades permitem que empresas de navegação estrangeiras entrem aqui e façam o que bem entendam, pode ser dizer soberano?
Um país que favorece empresas estrangeiras em detrimento das nacionais e que não incentiva a criação de uma frota nacional de navios mercantes e que não tem uma política de Marinha Mercante, pode se dizer soberano? Um país sem Marinha Mercante, que é a 6ª economia do mundo, mas não tem infraestrutura no seu comércio exterior, pode se dizer soberano? Um país cujas autoridades tratam a navegação mercante como coisa marginal, pode se dizer soberano? Um país onde o órgão regulador descumpre a Constituição, pode se dizer soberano?
É muito triste ver um país com dimensões continentais, com mais de 8.000 km de costas muito bem alinhadas, que tem toda condição natural de possuir uma navegação forte, entregar tudo que temos em troca de ganhos particulares de alguns poucos. Empresários que tentam entrar no setor, como a Maestra, quebram em menos de cinco anos e desistem do modal aquaviário, por falta de regulação eficaz. A quem interessa o Brasil não ter uma política para fortalecimento da sua armação? A quem interessa a fuga de mais de 20 bilhões de dólares todos os anos sem controle? A quem interessa o enfraquecimento da nossa Marinha Mercante? A quem interessa o descontrole e a falta de regulação sobre as atividades de empresas de navegação estrangeiras?
Tudo no Brasil funciona a base de voto e de eleição. A nossa navegação mercante não é algo que preocupe tanto assim o nosso povo e, por isso, não está inserido em um dos programas do governo. Se navegação desse voto e o povo acompanhasse de perto o setor, com certeza, já teríamos um programa do governo federal com nomes bem populistas e sugestivos, tais como: “meus navios, minha soberania”, “navegar é preciso”, “navegando para o futuro” etc.
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Não, o Brasil não é soberano. Isso pode estar na nossa Constituição e nas nossas Leis. Contudo, soberania não é algo que se tenha no papel, ou que se tenha pela metade. A propósito, a obrigatoriedade das outorgas de autorização para armadores estrangeiros também está na Constituição e na Lei. Regulação de empresas de navegação estrangeiras também está em letra de Lei. Mas, no mundo do politicamente viável, leis são usadas ao bel prazer dos interesses de poucos.
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Investimos bilhões de dólares em refinarias sucateadas, investimos no porto de um país governado por ditador, mas não investimos um centavo sequer na criação de empresas brasileiras de navegação fortes e na construção de uma frota de navios porta-contêineres.
A falta de cultura marítima contribui para esse enorme déficit de maritimidade. Isso também é fruto de um isolamento que o nosso setor passa há anos. Esse isolamento interessa a pequenos grupos que querem manter suas galinhas dos ovos de ouro bem guardadas, para que não sejam vistas e não atraiam os olhos gordos de outros iguais.
Enquanto diversos países estão atentos ao problema das suas navegações, nós ainda estamos discutindo com o órgão regulador o cumprimento da Constituição de 1988 e de uma Lei de 2001.
Em nome dos votos e do politicamente viável, nossa navegação já afundou e a soberania do Brasil foi para o espaço.
Por André de Seixas
Editor do Site dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro
Fonte: http://www.uprj.com.br/somos-soberanos.html
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