Eram 09 horas da manhã de quinta-feira (18/DEZ) quando o navio-tanque “Taurogas”, de bandeira panamenha e que presta serviço para o Polo Petroquímico de Triunfo, partiu do terminal Santa Clara. O navio estava carregado e transportava parte da produção petroquímica para o porto de Rio Grande. Em mais uma viajem rotineira. Que o leitor do blog pode confirmar com facilidade. E é sobre isto que eu gostaria de falar um pouco.
O navio-tanque “Taurogas” esta há anos trabalhando em nossas águas. Um serviço que é remunerado em dólar, e por tanto nos é muito caro. Pois para pagá-lo nós temos de vender nossa produção no exterior. E na maioria das vezes a sua viagem é apenas em águas brasileiras. Quando não dentro do nosso próprio estado. Ou seja, pagamos em dólar para que uma empresa estrangeira realize uma viagem interna, e não para o exterior.
A CONTRADIÇÃO.
Este fato é uma grande contradição. Pois para realizar o transporte interno, ninguém em sã consciência pagaria em moeda estrangeira. O correto seria pagar em reais. É isto que ocorre com a Navegação Guarita. Uma empresa nacional, que transporta o mesmo tipo de produto para o mesmo destino. Fazendo o mesmo trajeto.
PORQUE ISTO ACONTECE?
Então é de se pensar. Como pode duas empresas que fazem o mesmo trajeto, com o mesmo tipo de carga, para a mesma empresa contratante, terem tratamento diferentes. Isto ocorre porque no Brasil a marinha mercante nacional não é valorizada. Pouquíssimas são as empresas de navegação brasileiras. E quando isto ocorre, em muitos casos elas filiais de empresas estrangeiras. Ou têm em seu capital, o aporte de empresas de navegação estrangeiras.
Pouquíssimos são os navios mercantes registrados no Brasil. Nossa marinha mercante é uma fração muito pequena do total de navios que aqui estão trabalhando. E como são estrangeiros recebem em dólar.
COMO, OU PORQUE DEVEMOS MUDAR ESTA SITUAÇÃO?
Mudar esta situação é uma realidade. Mas para que isto ocorre, é preciso termos uma política que propicie condições para que as empresas brasileiras se estabeleçam neste seguimento. No estado atual isto dificilmente pode ocorrer. Pois elas não possuem condições de competir com empresas de outros países. Que podem baixar o preço dos seus serviços para garantir um contrato. Mesmo que ele não lhes dê lucro. E assim manter seus navios operando, pagando o salário de seus funcionários e garantindo o mercado existente.
Se pela vontade política o governo federal decretou que o apoio a nacionalização crescente das peças e equipamento fornecidos para os projetos ligados a exploração do petróleo. Estimulando a construção naval em nosso país. E com isto revitalizando o setor dos estaleiros. O mesmo poderia ser feito para o setor de transporte de cargas.
QUE BENEFÍCIOS ISTO NOS TRARIA?
O primeiro de todos seria o da geração de empregos. Seja pela necessidade de formação das tripulações dos navios. Com postos de todos os níveis.
Seja pelo estímulo à construção de novos navios. Gerando uma demanda maior para os estaleiros. Que teriam garantida manutenção de suas atuais vagas de trabalho, com expectativa para a abertura de novas vagas.
Seja pelo aumento de vagas para os demais prestadores de serviço. Que necessariamente vão ter espaço para atuar. Pois normalmente os navios estrangeiros buscam atender as suas demandas junto às empresas existentes no mercado externo. Pois isto lhes é mais fácil.
Mas principalmente pela redução dos custos que temos com o pagamento da conta de serviços. Um item que aparece nas finanças brasileiras e que engloba todo e qualquer serviço executado por empresa estrangeira em nosso país. E que é paga em dólar.
Creio que este assunto e os argumentos aqui apresentados são pertinentes para que possamos refletir. Pois este assunto atinge aos interesses de todos nós brasileiros. E é para isto que eu convido ao leitor. Pois se a navegação parece ser algo distante da vida da grande maioria das pessoas. O bom desempenho de nossa economia é algo muito mais perceptível. E é para isto que nós devemos trabalhar. Pois nosso bem-estar depende disso.
Pensem nisso!
Vanderlan Vasconselos
Foto: Carlos Oliveira
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